Lages, 29 e 30/09/2012, Correio Lageano, por Susana Küster
Avaliando que uma pessoa por família recebe o benefício do programa e
que Lages possui 156 mil habitantes, em torno de 7% dos habitantes são
beneficiados, com um valor que pode chegar até R$ 306,00
Atualmente, o Programa Bolsa Família atende em Lages mais de 11 mil
famílias. De acordo com dados do último Censo do IBGE, realizado em
2010, a população da cidade é de 156 mil. Considerando que uma pessoa
por família recebe o programa, em torno de 7% dos habitantes de Lages
são beneficiários do Bolsa Família.
O Programa Bolsa Família surgiu em 2003 em todo o país com a unificação
do Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio Gás e Cartão Alimentação.
Ele beneficia famílias em situação de pobreza (com renda mensal por
pessoa de R$ 70 a R$ 140,00) e extrema pobreza (com renda mensal por
pessoa de até R$ 70,00).
O valor que as famílias recebem pode variar de R$ 32,00 a R$ 306,00,
dependendo da análise da renda feita pelo Governo Federal através das
informações que as famílias declaram quando fazem o Cadastro Único. De
acordo com a assistente social e coordenadora da central de cadastro
único, Any Pellizzaro Pereira, as famílias recebem o benefício se
assumirem alguns compromissos.
O beneficiário do programa precisa manter os filhos na escola, além
disso, o calendário vacinal e as consultas periódicas têm de estar em
dia. “Caso haja descumprimento dos compromissos, como as faltas na
escola, pode levar ao bloqueio e até a suspensão do benefício”, explica.
Ela afirma que é através do cadastro único realizado para se inscrever
no Bolsa Família, que o Governo Federal fica sabendo quem são, onde
estão e quais são as necessidades das famílias mais vulneráveis. “O
Bolsa Família é considerado um dos principais programas de combate a
pobreza do mundo, pois amplia sobretudo o acesso a educação e promove
inclusão social”, salienta.
As famílias beneficiárias do Bolsa Família também são atendidas por
outros programas e políticas sociais do governo federal como: tarifa
social de energia elétrica; cartão do idoso; cursos de alfabetização, de
educação de jovens e adultos, e de qualificação profissional; entre
outros.
Any diz que o programa não vai erradicar a pobreza. “Mas se o benefício
chegar até as pessoas que necessitam dele, juntamente com a articulação
de políticas públicas, pode contribuir bastante para a diminuição da
pobreza”, finaliza.
Ausência do benefício faz falta
A copeira Elisangela Aparecida Galvani, 35 anos, recebeu por três anos o
auxílio financeiro do Bolsa Família. Porém, o benefício foi cortado
porque sua renda mensal por pessoa, extrapolou o limite R$ 140,00. Ela
mora com os três filhos e o pai que se aposentou recentemente. “Ganho um
salário mínimo e meu pai também. Faz muita falta o bolsa, com ele
pagava gás ou a luz ou comprava alimento”. Atualmente, ela está de
licença médica por problemas de saúde e tem gastado com medicamentos.
“Iria me ajudar muito se continuasse ganhando”.
Elevação da renda diminui desigualdade no país
A redução da desigualdade foi resultado da elevação da renda, sobretudo
do trabalho (responsável por 58%), da Previdência (19%), do Programa
Bolsa Família (13%), do Benefício de Prestação Continuada (4%) e outras
(6%). “Ou seja, há muitos programas sociais, aposentadoria e pensões,
mas o principal motor desta subida na vida e saída da pobreza no Brasil
foi a renda do trabalho, embora esses programas sejam importantes”,
avalia o presidente do Instituto de Pesquisa Economica Aplicada (Ipea),
Marcelo Néri.
A pesquisa também mostrou que a renda subiu mais para os analfabetos
(88,6%) do que para aqueles que têm mais de 12 anos de estudo (queda de
11,1%). Segundo Neri, isso é reflexo de um “apagão de mão de obra” não
qualificada. Ou seja, como a escolaridade do brasileiro melhorou, menos
gente quer fazer trabalhos não qualificados.
Segundo os dados da Pnad, os 10% mais pobres tiveram aumento real de
renda (91,2%), maior que os 10% mais ricos (16,6%). Do mesmo modo,
cresceu mais no Nordeste (72,8%) que no Sudeste (45,8%) e teve elevação
maior nas zonas rurais pobres (85,5%) que nas cidades (57,5%).
Néri afirma que os números mostram que a melhoria das condições sociais
devem continuar na década atual. A partir da Pesquisa Mensal do Emprego
(PME), do IBGE, os pesquisadores do Ipea demonstram que a renda média
do brasileiro continua crescendo (5,7% entre junho do ano passado e de
2012.)No mesmo período, o Índice Gini caiu 3,2% e a pobreza nas
metrópoles foi reduzida em 11,1%.
Fonte: MDS
Pobreza no Brasil cai 55% em 10 anos
Pesquisa mostra que as linhas de pobreza e extrema pobreza reduziram 55% em 10 anos
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fez um estudo sobre a
pobreza no Brasil, que mostrou redução na desigualdade. Levantamento
afirma que o Programa Bolsa Família é importante para a melhoria das
condições de vida dos brasileiros mais pobres.
Em uma década, as linhas de pobreza e extrema pobreza no Brasil
reduziram mais de 55%. “Ou seja, a gente cumpriu a meta do milênio, que
era fazer isso em 25 anos”, afirma o presidente do Ipea, Marcelo Néri.
Ele apresentou o relatório “A Década Inclusiva (2001-2011):
Desigualdade, Pobreza e Políticas de Renda”, feito a partir da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios 2011 (Pnad), divulgada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o relatório, durante a última década, o Brasil reduziu a
desigualdade social, fato que não ocorria de forma contínua e não
chegava a índices tão baixos desde 1960, quando a série histórica
começou a ser construída. “Este é o menor nível de desigualdade da
história documentada, embora o Brasil ainda seja desigual”, enfatiza
Néri.
O Índice Gini, que mede a desigualdade, chegou a 0,527 em 2011, quanto
mais próximo de 0, menos desigual é um país. Em 2001, o Índice Gini do
país era 0,61 e, em 1960, era 0,535.
O presidente do Ipea, destaca a importância das políticas públicas
brasileiras para este bom desempenho. Ele lembra que, quando houve a
crise dos alimentos em 2007, os preços subiram e o governo federal
reajustou o valor do benefício do Bolsa Família, coordenado pelo
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), para
garantir a alimentação.
Outro exemplo importante citado por ele foi a ação Brasil Carinhoso,
lançada em maio, que já está sendo paga e vem reduzindo ainda mais a
extrema pobreza. Ele ressalta a efetividade do Bolsa Família para a
redução da desigualdade, com custo menor para o Estado que outras
transferências. “Cada Real que você gasta com o Bolsa Família reduz a
desigualdade 350% mais que cada Real que você gasta com Previdência”.
A avaliação do Ipea é que se todos os recursos gastos com a Previdência
Social na década fossem para o programa, a desigualdade teria caído
129%.
O que você acha do Programa Bolsa Família?
James Duarte, estudante "Sou a favor de selecionar somente as pessoas mais carentes para receber o programa”.
Liliane Madruga Santos, dona de casa " Recebo o bolsa e ajuda muito. Compro até remédio com o dinheiro”.
Omariano Vargas, aposentado " Não está fácil arrumar emprego, acho bom ter esse programa”.
Valdir Luiz Venturi, aposentado "Acho bom o programa, ajuda os mais necessitados”.
Vanessa Pires dos Santos, dona de casa "Acho bom o programa, mas o valor poderia ser maior”.
Odair José, autônomo "Lá em casa recebemos o bolsa e ajuda bastante”.
Fotos: Susana Küster