terça-feira, 9 de abril de 2013

Falta de água ainda aflige moradores no Promorar



Falta de água ainda aflige moradores no Pró-Morar
Lages, 10/04/2013,Correio Lageano, por Núbia Garcia



A reclamação é de que o problema persiste há mais de 10 anos. Semasa disse que vai resolver




Com uma população superior a 4.400 moradores, os bairros Bela Vista, Promorar e a Área Industrial, em Lages, têm uma grande estrutura para acolher a população. Entretanto, ainda há problemas que atrapalham o bem-estar de quem vive nestes bairros. A falta de água, típica nos pontos mais altos da cidade, é um destes problemas.
Desde quando a esposa faleceu, há cerca de seis meses, o aposentado Manoel Domingos Souza Amaral, 58 anos, é quem toma conta do cunhado que é deficiente físico.



Ele passa a maior parte do tempo na cama ou na cadeira de rodas e necessita de cuidados especiais. “Eu não posso deixar ele um dia sequer sem banho, porque se não dá feridas pelo corpo. Ele precisa de muitos cuidados especiais”, conta.



Na semana passada, Manoel chegou a ficar dois dias sem o abastecimento regular de água em sua casa. O aposentado reside no Pró-Morar há mais de 30 anos e, segundo ele, o problema se tornou frequente e se agravou ao longo dos últimos 13 anos. “Hoje em dia a água falta mais nos finais de semana, mas até seis meses atrás, faltava quase todo dia. Já cheguei a ficar quatro dias sem água em casa. Estava com visita de fora da cidade e precisava levar eles para tomar banho na casa de parentes”, lembra.



A casa de Manoel tem uma caixa d’água de 700 litros que abastece apenas a cozinha e o vaso sanitário. Para ele, o principal problema é não poder tomar banho nos dias em que falta água, já que o chuveiro é abastecido direto com água da rua. “O que mais me revolta é que mesmo sem ter água, a conta nunca vem menos de R$ 30,00 e eu nunca pago atrasado”, desabafa, mostrando a fatura que vence apenas no final do mês e já está quitada.




Solução só em 2013


A falta de água é um problema que deve ser sanado nos bairros altos de Lages até o próximo verão, de acordo com o secretário de Águas e Saneamento (Semasa), Benjamin Schutz. Segundo ele, para isso, está sendo executado um programa emergencial, que tem investimento de R$ 8 milhões e vai abranger diversos bairros.



Benjamin ressalta que, na última segunda-feira, teve início a obra de implementação de uma adutora (que faz parte do projeto emergencial), na rua Recife, bairro Santa Helena, que irá influenciar diretamente no abastecimento do Bela Vista e Promorar.



“Estamos instalando uma adutora (tubo que leva a água  para os reservatórios) grande, de 200 milímetros, para reforçar o abastecimento no Santa Helena e aumentar a capacidade de água no Bela Vista em 54% e vai ser ligada ao reservatório já existente no Promorar e a um novo, que será construído”, explica.



A previsão para conclusão desta obra é julho deste ano, mas Schutz afirma que somente esta adutora não será suficiente para resolver o problema. “A solução virá acompanhada de outras obras como o novo reservatório (no Pró-Morar) e uma outra adutora, que vai levar água até a Obradec, na entrada da rua Recife”, completa. As duas adutoras devem estar em funcionamento antes do próximo verão.



Cratera na avenida principal


Uma cratera de três metros de diâmetro, entre a avenida Engenheiro Paulo Ribeiro (principal via de ligação entre o Bela Vista e Promorar) e a rua Guy Lucena, tem causado transtornos para moradores e motoristas que trafegam pelo local.



A cratera, segundo moradores, foi aberta por funcionários da Secretaria Municipal de Águas e Saneamento (Semasa) para reparos na rede há mais de dois meses. “Tiraram o asfalto, fizeram a obra e deixaram o buraco sem asfalto, só com terra. Além de ser feio, isso atrapalha quem passa pela rua”, comenta a auxiliar de serviços gerais, Cléia Aparecida da Silva, 29 anos. Sua casa fica em frente à cratera.



De acordo com o secretário da Semasa, Banjamin Schutz, situações como esta, em que uma via é aberta para passar por reparo e não é fechada, acontecem em diversos bairros da cidade. Shcutz assume a falha e garante que em breve o problema será solucionado. “O buraco não pode ser fechado no mesmo dia em que a obra é feita porque é preciso esperar pelo menos uma semana, pois se não o asfalto pode ceder. Mas não mais que isso”, afirma.



Prédio mais moderno ainda está fechado


Reivindicação antiga da comunidade, a nova unidade de saúde do Promorar foi construída, mas falta muito para funcionar




O prédio da unidade de saúde que foi construído para atender os bairros Bela Vista e Promorar está pronto desde o final do ano passado, mas não tem previsão para entrar em funcionamento. Enquanto isso, mais de 4.4+00 moradores dos dois bairros continuam sendo atendidos na unidade antiga, que é pequena e não oferece estrutura necessária para atendimento de qualidade.




Sem estrutura adequada, o atendimento acaba sendo prejudicado. Segundo os próprios moradores, são oferecidas apenas 20 fichas por dia para consultas, o que é considerado por eles insuficiente.



A doméstica Balbina dos Santos Veiga, 58 anos, que reside no Promorar há 25 anos, conta que seu marido é hipertenso e ela tem dificuldade para pegar receitas para os remédios de uso contínuo. “Tanto que tem vezes que, quando termina a medicação, eu acabo levando ele no pronto socorro ou pago uma consulta particular para conseguir a receita”, diz.



A costureira Silvia Veiga, 31 anos, é mãe de um bebê de 10 meses e, segundo ela, é comum ir até o postinho procurar vacinas para a criança e não encontrar. “Daí eles me dizem que para fazer a vacina eu tenho que esperar três meses até chegar no bairro ou ir no Centro. Além disso, o pediatra vem só na sexta-feira e quando a gente precisa dele e não tem dinheiro nem para o ônibus, tem que se largar a pé até no [hospital] Infantil”, reclama.



Os R$ 477.774,27 investidos na construção da unidade, não surtiram efeito, pois o prédio sequer possui acessibilidade. No mês passado, em entrevista ao Correio Lageano, a secretária de Saúde Cristina Subtil afirmou que o  novo prédio não atende às normas de acessibilidade, pois não possui escadas nem rampa de acesso na parte externa.



Quando vai funcionar



Em entrevista por telefone, o diretor administrativo-financeiro da Secretaria Municipal de Saúde, Maurício Batalha Machado informou que além disso, falta fazer a ligação de luz do prédio e comprar os móveis. “Está sendo encaminhada a licitação para compra de todos os móveis de todas as unidades que estão prontas e ainda não foram abertas, inclusive a do Pró-Morar”. Segundo ele, estes problemas devem ser resolvidos no segundo semestre deste ano.



Comunidade pede capela mortuária


Quando as obras da nova unidade foram lançadas, em janeiro do ano passado, moradores entregaram ao então prefeito, Renato Nunes de Oliveira, um abaixo-assinado com mais de 200 assinaturas, solicitando que o prédio que atualmente abriga a unidade de saúde, fosse transformado em uma capela mortuária para a comunidade.



Para atender ao pedido dos moradores, o local precisaria passar por adequações e cumprir as exigências da Vigilância Sanitária. De acordo com o presidente da Associação de Moradores dos Bairros Bela Vista e Pró-Morar, Idelso Varela da Costa a capela mortuária é uma necessidade para os moradores, pois atualmente, quem precisa velar um parente e não tem condições de pagar por uma capela particular, é encaminhado para a capela comunitária do bairro Araucária, que fica a aproximadamente cinco quilômetros de distância. “Para instalar a capela lá, precisamos de liberação de terreno por parte da prefeitura, mas isso não aconteceu por causa da mudança de administração. Depois disso, a vigilância sanitária precisa aprovar o local porque tem uma série de exigências que precisamos cumprir”, completa.




Fotos: Núbia Garcia

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