Lages, 29 e 30/06/2013, Correio Lageano, por Afonso Rodrigues
A paixão por um jovem da Serra levou o artista a mudar de país e adotar uma nova cultura, mas sempre cuidando da carreira
O sonho de viver como um grande ídolo sempre fez parte da vida de Néstor Zalazar, argentino de 31 anos. Nascido em Buenos Aires e morando há cerca de um ano em Lages, o músico integrante da banda The Beatles - que faz um dos mais premiados covers da lendária banda de rock inglesa, no mundo – escolheu Lages para morar e gerir a carreira de sucesso da banda.
Criada em 2009 e reconhecida por ser composta por músicos vencedores de concursos oficiais de mais fiéis representantes dos Beatles no continente, The Beetles (assim mesmo, com uma letra diferente, mas preservando a fonética da banda original) tem prestígio e reconhecimento.
Segundo Néstor, que prefere ser chamado de Nino, tudo começou na infância. “Lembro da minha primeira aula de violão. Aquilo foi mágico para mim. Tinha 12, 13 anos na época. Estudei violão, frequentei aulas para crianças, fiz apresentações em escolas e não parei mais. Comecei a criar músicas e letras. Minha primeira banda foi com 16 anos”, disse.
Já na juventude, Nino começou a acompanhar mais de perto a carreira dos jovens de Liverpool. Porém, quando criança, Nino se impressionou ao ver o filme A Hard Day’s Night, de 1964, que foi gravado pela banda inglesa para promover o disco de mesmo nome. “Fiquei louco e encantado. Meu pai era fã do grupo e me disse: ‘Esses são os caras que eu sempre lhe digo’. O cabelo, o figurino, as músicas... Tudo me impressionou muito. Comecei a pesquisar tudo sobre a vida deles e pensei – eu quero fazer isso, quero ser como eles”, confessou.
Com poucas opções para a divulgação do rock e do pop na cidade, Nino lamenta a falta de mais espaço para as novas bandas. “É importante conscientizar de que deve-se ter respeito por quem está tocando. Acho que aqui é necessário um espaço para o rock, para o pop, que não seja somente em eventos a cada dois ou três meses”.
“Loucura sana”
Da ideia na cabeça para a prática, foram apenas alguns anos até se lançar na estrada. Com 18 anos, Nino formou a primeira banda cover do grupo. A partir daí, a ideia de ser militar já tinha sido definitivamente abortada. Mesmo sendo um conjunto de jovens cheios de planos, a banda conseguiu atingir grande projeção no mais importante encontro de admiradores da banda no mundo – a Semana Beatle da América Latina, realizada no Cavern Club da cidade.
“Com essa banda, tive a sorte de fazer show na semana Beatle da América Latina, no mesmo lugar de onde hoje é o Museu dos Beatles. Lá tive a oportunidade de conhecer a irmã do George Harrison, Louise, em 2002. Foi um momento muito mágico e fiquei muito feliz. Foi uma loucura muito sana”, diz Nino, que faz justamente a versão do cantor na banda argentina.
Mais do que poder ver a irmã do ídolo, Nino teve a oportunidade de cantar para Louise, que o parabenizou pela capacidade vocal e aparência física, muito próxima a do irmão famoso. “Quando falaram que iria cantar à irmã do Beatle, fiquei estarrecido”, comentou.
Banda dos melhores
Sendo reconhecido pelo sucesso, vencendo duas vezes como melhor imitador de Harrison na América Latina, o próximo passo seria consolidar isso com uma banda. “Formamos a The Beatles a partir de uma seleção de músicos, porque todos fomos eleitos os melhores de cada categoria, de cada cantor”.
Além das turnês que cresciam mês a mês, a carreira solo de Nino também prosseguiu, criando letras e músicas independentes. O sucesso da banda foi rápido. Os shows, realizados inicialmente apenas em alguns finais de semana por mês, se tornaram cada vez mais apresentados - a maior parte deles no Brasil. A agenda, cada vez mais lotada, fez a banda conhecer o sul do Brasil e Santa Catarina em particular. O primeiro show em Lages foi em 2010.
Paixão por lageana
No último show realizado na cidade, em 2012, Nino conheceu uma encantadora jovem lageana, Karla Citatin, que trabalhava na produção do show. Segundo o cantor, foi paixão à primeira vista. “Quando vi ela, que agora é minha namorada, disse: ‘Vou me casar com essa mulher’ ”. Depois da troca de telefones e correspondências pela internet, Nino tomou coragem e veio morar na Serra. “Ela me falou que tinha muita saudade, eu disse que eu também. Ela disse para eu ia morar lá. Eu pensei.. Será que eu vou mesmo morar no Brasil? Ela não acreditou, mas acabei vindo”.
Paixão pela cidade
Sem ter medo da mudança de país ou idioma, Nino fala com alegria da cidade que o acolheu. “Os lageanos são muito receptivos e a galera foi muito legal. Ano passado voltei a fazer minhas músicas acústicas e agora tenho vários planos. Minha ideia é começar a gravar um disco aqui em Lages. Quero conversar com as pessoas ligadas à cultura da cidade porque gostaria muito de fazer algo cultural, dar à cidade uma ‘vacina de cultura’, porque acho que não existe variedade musical em algumas rádios, por exemplo”, analisa.
Foto: Divulgação
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