terça-feira, 30 de julho de 2013

Queima de campo transforma o horizonte em poucas horas

Queima de campo transforma o horizonte em poucas horas
Serra Catarinense, 31/07/2013, Correio Lageano, por Joana Costa



O azul do céu era quebrado apenas pelas rastros que os aviões deixavam no ar. Curioso, o funcionário da Celesc Carlos Alberto Wolff de Matos, no bairro Pisani, registrou o momento. Isso era por volta das 10 horas.



A surpresa veio quatro horas depois, quando ao olhar para o céu, encontrou o ar carregado de fumaça. “É ruim, irrita o nariz”, disse Matos, atribuindo a mudança de visual às queimadas. Segundo ele a fumaça vinha da direção da BR-282.




O morador do bairro Vila Nova Gustavo Cezar Waltrick disse que não estava conseguindo visualizar a região no Morro do Prudente e o bairro Popular de sua casa por causa da nebulosidade. “Dá para perceber a densidade e o cheiro de queimado no ar”, acrescentou.



A queima de campo começou em Lages. A prática é realizada há pelo menos 200 anos na região e busca renovar as pastagens nativas para primavera. Ela é legalizada, mas necessita de liberação da Fundação do Meio Ambiente (Fatma).



Prática é comum e legalizada pela Fatma


Para fazer a queima de campo é preciso ter a liberação ambiental da Fatma. “O manejo é possível, tem amparo legal, mas nem toda queimada é licenciada”, afirma o gerente de licenciamento agrícola e florestal do órgão, Carlos Volpato.



Em 2011, as regras para o licenciamento foram mudadas para facilitar o processo e incentivar o produtor a se regularizar, de lá para cá o número de autorizações concedidas mais que dobrou.



Observar a área a ser queimada, fazer aceiros, comunicar aos vizinhos, observar umidade do ar e o vento são algumas regras na hora de queimar o campo, segundo Volpato. Tudo isso deve ficar explicado no projeto que o proprietário terá que fazer com a ajuda de um engenheiro agrônomo e apresentar à Fatma.



Renovação


Apesar da fumaça, a queima de campo é positiva e não prejudica o solo. É isso que declara o presidente da Associação Rural de Lages, Márcio Pamplona. Segundo ele a prática serve para a manutenção das pastagens nativas. “O que é feito aqui é diferente do que se faz no cerrado, lá é mais violento, o fogo queima o mato, as árvores. Aqui não é tão agressivo”, disse.



A Associação Rural defende que a queimada seja feita de forma legalizada, com autorização ambiental e seguindo todas as regras de manejo. O fogo elimina o capim seco que está na superfície, mas preserva os brotos verdes que estão na parte inferior, fazendo-os crescer mais rápido. O fogo dura cerca de quatro minutos e a temperatura chega a no máximo 70ºC a dois centímetros abaixo do solo.



  • 159 licenças ambientais para queimadas  liberadas pela Fatma em 2010
  • 320 foi o número de licenças no ano passado, confirmando aumento da procura pela legalização da prática



Fotos: Carlos Alberto Wolff de Matos/Divulgação

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