quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Solidariedade, comoção e revolta após a morte

Solidariedade, comoção e revolta após a morte
Lages, 31/10/2013, Correio Lageano, por Joana Costa



Em frente ao Hospital Seara do Bem, onde morreu o menino Erick Pereira Melo, havia uma atmosfera de dor, revolta e solidariedade. Isso em meio aos familiares e amigos da criança que faleceu aos quatro anos e que havia queimado 70% do corpo num acidente doméstico. Entre os presentes pairava uma pergunta: o que políticos e possíveis pré-candidatos faziam lá?



Inconsolável ao lado do marido, Michael Melo, a mãe Ariana Branco Pereira, de 24 anos, não escondia a revolta pela perda do único filho. “Por que não transferiram ele no primeiro dia?”, questionava, aos prantos.



Esperança:A tia-avó, Rosemere Fátima da Silva, tinha esperança de que o menino conseguisse ser transferido para um centro especializado. “Em Porto Alegre tem centro para queimados, banco de pele, ele iria se recuperar. A gente não esperava por isso”, desabafa.



Erick morreu por volta das 6 horas de ontem. No atestado de óbito consta insuficiência respiratória e queimaduras graves como causa da morte. Ele estava internado desde a última quarta-feira, dia 23. Na terça-feira (29), a família conseguiu vaga e transporte aéreo para Porto Alegre, mas Erick não estava em condições de ser transferido.



Solidariedade, comoção e revolta após a morte



O caso de Erick causou comoção. Assim que a notícia de seu falecimento se espalhou, dezenas de pessoas se dirigiram ao hospital. A presença de políticos causou animosidade nos presentes. Nos olhares, a censura era velada. Percebia-se a indignação, pois a ajuda que poderiam oferecer à família veio tarde.


A solidariedade veio das funerárias, que se uniram para oferecer, sem custo, o caixão e os equipamentos para o funeral. Um dos proprietários de funerária, Áureo Arruda Ramos, disse que tem filho pequeno e a oferta é de coração. “Eu me imagino nessa situação. Na hora difícil, a gente faz o que pode”, declarou. O gerente de outra empresa, Paulo Stink, explicou que sempre fornece essa ajuda a famílias necessitadas.



Um avião levaria Erick a Porto Alegre, mas a pressão arterial oscilava e os batimentos cardíacos estavam baixos. Os médicos optaram por mantê-lo em Lages.
A Secretaria de Estado da Saúde emitiu nota informando que em Florianópolis não há leitos específicos em UTI para queimados, mas sim leitos gerais onde queimados são atendidos.



Menino era o xodó da família


“Ele era esperto, brincalhão, gostava de jogar bola e videogame. Era alegre”, conta a tia-avó Rosemere, lembrando que Erick era o xodó da família. Por volta das 7h30min, os pais receberam um telefonema solicitando a presença no hospital. “Eles acharam que era para tratar da transferência dele, mas não. Era para dar a notícia”, relata.



O velório iniciou às 15 horas, na capela mortuária do Bairro Guarujá. A mãe Ariana fez um apelo. “Cuidado com materiais inflamáveis”. O corpo do garoto será sepultado às 9 horas desta quinta-feira, no Cemitério da Penha.




Foto:Joana Costa

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