quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Maestro morre um dia antes de seu coral fazer aniversário

Maestro morre um dia antes de seu coral fazer aniversário
Lages, 22/11/2013, Correio Lageano, por Susana Küster




“Sexta-feira, dia 22 de novembro de 2013, dia de Santa Cecília, padroeira da música e do músico, dia que o Coral Frei Bernardino comemora 70 anos de existência.” Este é o início do discurso que o maestro Nelson Jacob Bunn leria nesta sexta-feira (22), mas ele foi vítima de um atropelamento na noite de quarta-feira (20), na rua Lauro Muller, no Centro de Lages, e morreu.






Apesar de ter 80 anos, seus amigos e familiares contam que ele tinha disposição de um jovem de 20. Por amor à arte, regia os corais de Lages: Sol e Frei Bernardino e o coral Santa Catarina, de Otacílio Costa.




Frequentemente, fazia longas viagens dirigindo e cantando com os coralistas até de madrugada. Todos o conheciam pela sua tranquilidade e conhecimento da vida, era um intelectual, falava sete línguas e tinha 45 mil partituras musicais.





Uma das coralistas do Frei Bernardino, Celi Teresinha Garcia, conta que Nelson tinha várias metas, entre elas, a de preparar alguém para ocupar seu lugar nos corais. “Ele nos dizia que o coral não podia morrer, quando ele partisse, que ele tinha que achar um substituto. Mas, não deu tempo”, lamenta.





A irmã mais nova de Nelson, Teresinha Bunn, de 69 anos, disse apenas que estava sentindo muita dor pela morte do irmão.





Cancelamentos

O coral Frei Bernardino iria se apresentar neste sábado, no Encontro dos Amigos, mas a apresentação foi transferida para as 19 horas, no Teatro Municipal Marajoara, onde prestará homenagem a seu fundador.

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Morte como uma passagem

Em uma entrevista concedida para a Revista Visão há três anos, Nelson, disse que via a morte como uma porta por onde todos nós temos que passar. Ele foi questionado sobre o assunto, pois em 1965 teve uma forte pneumonia e chegou a ser desenganado pelos médicos da época.





Na mesma entrevista, ele disse que tinha como meta na vida deixar sua filha e neta “garantidas”. Ele também falou na época, que gostaria de rever os amigos que tinha pelo Brasil, mas disse que preferia o sossego em vez de fazer muitas viagens.





Sacerdócio

Quando tinha sete anos, ele quis ser padre para aprender tocar gaita. Mas quando completou dez anos de sacerdócio pediu dispensa, pois considerava a vida de um padre muito desgastante, pois mudava de cidade constantemente.





Médico que atropelou tentou reanimar

O atropelamento de Nelson Bunn aconteceu na quarta-feira, por volta das 20h40min, na rua Lauro Muller, no Centro de Lages, em frente à delegacia de Polícia Civil. Nelson Bunn atravessava entre as duas faixas de pedestres para ir até a casa de um amigo localizada em frente ao local. Mas depois que um carro parou para ele atravessar, outro que vinha atrás foi ultrapassar pelo outro lado da via e o atropelou.






O maestro morreu na hora, vítima de politraumatismo. O Samu o conduziu para o Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, mas ele já estava morto.




O médico Luciano Appel dirigia o carro que atropelou Nelson  Bunn e, segundo familiares, ele tentou ressuscitar o idoso fazendo massagem cardíaca. O jornal tentou falar com o médico, mas não foi dado retorno até o fechamento desta edição.




De acordo com informações da Polícia Civil, o médico prestou socorro à vítima e registrou boletim de ocorrência sobre o fato.




Foto:Gugu Garcia/Divulgação

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