Brasília, 01/05/2014, Correio Braziliense
A poucos meses do fim do mandato, Dilma Rousseff caminha a passos
largos para se tornar a presidente que menos criou Unidades de
Conservação (UC), em comparação com as gestões de Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002) e de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). Desde
2011, foram apenas três novas UCs, contra 81 de FHC e 77 de Lula. A área
protegida por Dilma é pouco maior do que a região que será alagada pela
Usina de Belo Monte (PA). Além da ínfima ampliação, ambientalistas
reclamam da política de redução de unidades e da falta de incentivos
para efetivar o desenvolvimento sustentável, um dos objetivos das
unidades conservadas.
A comparação com os antecessores é arrasadora. Segundo dados do
Instituto Socioambiental (ISA) e do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio
Ambiente (MMA), em oito anos, FHC criou 21,5 milhões de hectares (ha) de
área preservada. Em dois mandatos, Lula efetivou a proteção de 26,7
milhões de ha. As três UCs assinadas por Dilma desde 2011, uma no Rio
Grande do Norte e duas no Paraná, totalizam somente 44.033 ha. Ainda que
se somem às cinco ampliações de áreas protegidas, o período Rousseff
chegaria a um incremento de 231 mil ha. Abatidos os 164 mil ha
desafetados, isto é, que perderam o caráter de espaços protegidos, o
saldo de Dilma é de apenas 66,7 mil novos ha em Unidades de Conservação —
pouco mais que os 51,6 mil ha do reservatório de Belo Monte. Quase nada
de ganho (0,08%) se comparado aos 75 milhões de hectares de UCs já
existentes em 2011.
“Foi o governo que menos olhou para a questão das áreas protegidas.
Mesmo pensando em todos os ganhos desde 2004, como uma série de política
públicas para a Amazônia, sentimos que houve uma certa perda.
Percebemos que a área ambiental não foi tão priorizada”, observa Elis
Araújo, pesquisadora do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
(Imazon). “Houve um decréscimo no ritmo de criação concreta das UCs nos
últimos três anos, a despeito do fato de que o ICMBio continuar
realizando estudos para propor novas unidades”, argumenta Marcelo
Cavallini, da coordenação de criação de Unidades de Conservação do
ICMBio.
Foto: Divulgação
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