sábado, 28 de junho de 2014

Não há projeto definido para remover monumento

Não há projeto definido para remover a obra
Lages, 28 e 29/06/2014, Correio Lageano, por Vinicius Prado




Apesar das especulações em torno do monumento a Getúlio Vargas, o prefeito de Lages, Elizeu Mattos, confirma que não há projeto definido para a realocação da obra.
Há algumas semanas, um boato se iniciou quanto à permanência do monumento do ex-presidente em frente à Catedral, na praça João Ribeiro. Esta movimentação gerou controvérsias. Há quem defenda o local como apropriado para a obra, pois fez parte da história da cidade. Mas há outras pessoas que não concordam, pelo fato de o monumento afetar o visual da Igreja Catedral.



O prefeito municipal, Elizeu Mattos, se manifestou a respeito do assunto. Ele comenta que, após a revitalização da praça, iniciou-se a polêmica, e que há pessoas solicitando pela alteração do monumento, mas outros não. “É uma situação que está sendo debatida, e eu vou atender o que a população decidir. Já foi discutido internamente com a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente”.



Porém, Mattos ressalta que pretende resolver esta situação no futuro, e que não há projeto definido para o monumento. “Eu não quero criar problema para nenhum morador de Lages. Se for do entendimento que merece abrir a visão para a Catedral, nós o faremos. Mas se não for, não iremos mexer no monumento”.



Uma ideia do prefeito, para ouvir a população, é realizar uma pesquisa científica, na qual todos possam opinar de forma anônima. Ele enfatiza que irá ouvir o povo, pela polêmica que se formou sobre o assunto. “Não quero tornar este monumento, e esta situação, mais um Aristiliano Ramos”, conclui.




Importância


A história se renova à medida que as pessoas evoluem dentro da sociedade, mas os valores históricos, que significaram algo a uma determinada época ou povo, não podem ser esquecidos ou afetados. Segundo o historiador Carlos Bertaiolli, “os monumentos presentes nos espaços públicos revelam a identidade construída por um povo à medida que valorizam situações e/ou pessoas que representam os ideais almejados em cada momento histórico”.



Para ele, as pessoas irão preservar um bem a partir do momento que construírem um sentimento de pertencimento. “É preciso que a população seja consultada com relação à constituição/alteração que são feitas nesses espaços e,acima de tudo, tenha a sua decisão considerada pelos poderes públicos quando estes devem tomar decisões que envolvem a comunidade a qual representam”.



Bertaiolli conclui que este debate sobre a remoção de um monumento, significa que as pessoas estão intensificando ou reavaliando seus sentimentos de pertencimento aos espaços que ocupam. E, além disso, o indivíduo se responsabiliza pela construção da própria história, diante do â mbito em que vive.



Monumento faz parte de Lages há 56 anos


O monumento a Getúlio Vargas está em Lages desde 26 de setembro de 1958. A obra homenageia o ex-presidente e duas de suas obras para o país. A instalação do monumento foi uma iniciativa de José Paschoal Baggio e várias pessoas ligadas, na época, ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).



Dois anos após o suicídio de Vargas, se iniciou um movimento na cidade para homenagear, de alguma forma, o ex-presidente. Foi constituída, então, uma comissão para erguer o monumento. O presidente da comissão (e vereador) Evilásio Caon, chamou o arquiteto (e também diretor municipal de obras da época) João Argon Preto para desenhar o projeto.



Preto fez um esboço e a comissão aceitou. O arquiteto comenta que o painel, que se encontra atrás do busto, representa as obras de Volta Redonda (Companhia Siderúrgica Nacional) e a Petrobras, ambas instituídas por Getúlio Vargas. A base, feita com pastilhas de vidro, representa a vida de Vargas, e o poste (em formato cônico) representa também a ascensão do ex-presidente. Já o busto, foi encomendado do Rio de Janeiro, e o formato do rosto representa Vargas em sua idade mais avançada, pouco tempo antes de sua morte.




O jornalista Névio Fernandes, que também participou da inauguração na época, ficou encarregado pela divulgação do monumento. O local foi escolhido pelo então prefeito Vidal Ramos Junior. Para a inaugurar a obra, o então vice-presidente do Brasil, João Goulart, veio a Lages.



Atualmente, todo ano, no dia 24 de agosto (dia em que Vargas se suicidou), um grupo de pessoas (petebistas da época) se reúne em torno do monumento. Na ocasião, é feita a leitura da carta testamento que o ex-presidente deixou, e realizada uma confraternização. Na época, não foi pensado no visual da Catedral, pois o monumento se une à história municipal, e do país.




Fotos: Vinicius Prado

Nenhum comentário: