sábado, 30 de junho de 2012

1950 Começava a história da televisão no Brasil

A Televisão no Brasil tem sua pré-estréia no dia 3 de Abril de 1950 com a apresentação de Frei José Mojica, padre cantor mexicano. As imagens não passam do saguão dos Diários Associados na Rua 7 de Abril em São Paulo, onde há alguns aparelhos de TV instalados.
Frei Mojica - Pré-estréia  da TV Tupi no dia 3 de Abril de 1950
Frei Mojica na pré-estréia no dia 3 de Abril de 1950
 
No dia 25 de Março, os equipamentos comprados da RCA (Radio Corporation of America) por Chateaubriand são retirados por seus funcionários no porto de Santos.
Início da TV - Hebe Camargo e Alvarez no estúdio da TV Tupi em São Paulo na Rua 7 de Abril
Início da TV
 
Do dia 20 à 26 de Julho, acontecem transmissões de um show chamado "Vídeo Educativo", no auditório da Faculdade de Medicina de São Paulo. Os equipamentos utilizados são da General Eletric em conjunto com a E. R. Squibb & Sons do Brasil Inc. A antena transmissora é instalada na torre do hospital das Clínicas e a receptora no edifício Saldanha Marinho, na rua Líbero Badaró, em São Paulo.
Em 10 de Setembro, realiza-se a transmissão pela TV Tupi (ainda em fase experimental) de um filme em que Getúlio Vargas fala sobre seu retorno à vida política.
O pioneiro Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, nascido em Umbuazeiro, Paraíba, no dia 05 de Outubro de 1892, dono dos Diários Associados, cadeia de jornais e emissoras de rádio, realiza seu grande sonho: inaugura no dia 18 de Setembro, a TV Tupi de São Paulo, PRF-3 TV, canal 3, cuja razão social é Rádio e Televisão Difusora. As imagens são geradas do estúdio localizado na Rua 7 de Abril, centro de São Paulo. O transmissor da RCA é colocado no topo do edifício do Banco do Estado de São Paulo, no início da Avenida São João.
Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo
Assis Chateaubriand em dois momentos
 
Chateaubriand importa duzentos aparelhos de TV e espalha-os pela cidade. Faz sucesso, mas o problema está em manter uma programação diária. As pessoas envolvidas no projeto trabalharam durante semanas para a inauguração e agora tinham apenas um dia para a preparação da programação do dia seguinte. O roteiro da estréia fica a cargo de Demerval Costa Lima que se torna o primeiro diretor de roteiro da TV Tupi.
Televisor de 1950.
Televisor de 1950
 
Algumas horas antes da transmissão, uma das câmeras (são apenas duas) quebra e o engenheiro americano, Walter Obermiller, responsável pela implantação técnica, acha melhor adiar, mas o diretor artístico, Cassiano Gabus Mendes, então com 23 anos, decide ir ao ar assim mesmo. Tudo o que fora ensaiado com duas câmeras, terá de ser feita com uma só. E o improviso vira a nossa marca registrada.
Cassiano Gabus Mendes - Diretor Artístico da TV Tupi Cassiano Gabus Mendes   Câmera RCA utilizada pela TV Tupi
Câmera RCA utilizada pela TV Tupi em 1950
 
Precisamente, às 17h, Homero Silva convida Lolita Rodrigues a cantar "O Hino da TV" ou "Canção da TV"; composto especialmente por Marcelo Tupinambá, com letra de Guilherme de Almeida. A transmissão acontece das 18 às 23h e os profissionais vêm do rádio, jornal e teatro. Juntos buscam descobrir e desenvolver a nova linguagem que a televisão exige.
O primeiro programa transmitido é "TV na Taba", apresentado por Homero Silva. Participam também: Lima Duarte, Hebe Camargo, Mazzaropi, Ciccilo, balé de Lia Aguiar, Vadeco, Ivon Cury, Wilma Bentivegna, Aurélio Campos, o jogador Baltazar, a orquestra de George Henri, a poetisa Rosalina Coelho Lisboa. A jovem atriz Yara Lins diz especialmente o prefixo da emissora: PRF-3.
Logotipo da TV Tupi criado por Mario Fanucchi
Logotipo da TV Tupi
 
"Está no ar a TV no Brasil", frase dita por Sônia Maria Dorce, então com 5 anos, como uma indiazinha com um cocar e umas peninhas na cabeça. Sua imagem é a primeira a aparecer na TV brasileira.
Primeiro dia da TV Tupi
Primeiro dia da TV Tupi
 
O primeiro telejornal, "Imagens do Dia", vai ao ar em 19 de Setembro, apresentado pelo radialista Ribeiro Filho, com texto e reportagem de Rui Rezende. Não tem horário fixo, podendo entrar no ar às 9h30 ou 10h. Tudo depende da sorte, da programação ou de eventuais problemas na operação. As reportagens são feitas com câmeras Auricons de cinema com filme 16 milímetros. Dependendo da região do país onde estão, precisam revelar o filme e levá-lo de avião até São Paulo ou Rio, onde ficam os estúdios. Chegam, geralmente, em cima da hora, quando chegam. Rui Rezende além de apresentar, produz e redige as matérias. Os cinegrafistas são: Jorge Kurkjian, Paulo Salomão e Alfonsas Zibas que utilizam o laboratório caseiro na residência de Kurkjian para revelarem os filmes antes de enviá-los à TV.
Maurício Loureiro disse em depoimento:
"No dia seguinte ao primeiro noticioso, Imagens do Dia, na Tupi de São Paulo, em 1950, foi abordado na rua Marconi por uma senhora que reclamou que ele havia sido arrogante, não falara 'com ela', sentada diante da televisão fazendo um crochezinho. Aquela senhora já vira televisão, havia morado em Nova York. A partir daí, Loureiro Gama passou a escrever suas notícias como se fossem uma conversa com alguém, 'uma peça de teatro'. Chateaubriand telefonou para cumprimentá-lo por ser o único que sabia falar na televisão. Com a ajuda de uma telespectadora, Gama tinha descoberto a diferença entre as duas linguagens, a da tevê e a do rádio."
Apesar de não produzirmos aparelhos de TV, não termos público e o mercado publicitário ainda ser jovem, Chateaubriand vende um ano de espaço publicitário de televisão para as empresas: Sul América Seguros, Antárctica, Moinho Santista e empresas Pignatari (Prata Wolf).
Televisor General Eletric de 1949
Televisor General Eletric de 1949 com a "Carta de Ajuste", famosa por ficar no ar antes da programação das emissoras.
 
Em Novembro, estréia o teleteatro "A Vida por um Fio", adaptação do filme americano "Sorry, Wrong Number". Drama policial com direção de Demerval Costa Lima e Cassiano Gabus Mendes, estrelando Lima Duarte, Lia de Aguiar, Walter Forster, Dionísio Azevedo e Yara Lins. Conta a história de uma mulher (Lia de Aguiar) que morre estrangulada pelo marido com o fio de telefone.
Em 22 de Novembro são autorizadas as concessões para TV Record e TV Tupi (São Paulo), TV Jornal do Comércio (Recife).

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