terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ruela de terra dará lugar à obra faraônica

Ruela de terra dará lugar à obra faraônica
Lages, 24/10/2012, Correio Lageano




Uma pequena rua que margeia um córrego repleto de sacolas, lixo e mau-cheiro constante. O movimento se restringe a um carro por minuto em horários de pico. A importância da via aparece quando se olha a placa: ‘Avenida Ponte Grande’. É o único quilômetro existente da via que vai ser objeto de uma das obras mais caras da história lageana, a urbanização do Ponte Grande. Serão R$ 46 milhões investidos, 147 famílias atingidas e ainda muita desconfiança por parte dos moradores.


“Sai mesmo? Acho que só em 2014, 2016 não é?” Altair de Jesus, morador do bairro Santa Maria ainda não acredita que precisará sair da casa onde mora há 12 anos. Ele e sua mulher, Vanusa Maria Varela Lopes, sabem que moram em área verde e sofrem por isso. “Não conseguimos construir nem banheiro porque nos denunciaram, mas a gente não tem dinheiro para comprar um terreno”, revela.


Quase embaixo de sua casa passa o ‘ribeirão Ponte Grande’ (como é tratado pelos documentos do governo federal), onde, juram os moradores, não pega enchente. “É um bairro bom de morar, bem tranquilo. Só tem um bar, aí não dá briga”, diz Altair, relacionando o álcool à violência. Apesar de gostarem do Vila Maria, o casal não se importa de fazer parte das 147 famílias que precisam se mudar para a construção da avenida. “A gente vai poder escolher para onde ir? Não quero ir para Ferrovia nem para a Penha, prefiro o Guarujá”, opina Vanusa.


Há 12 anos, quando se mudaram, o casal já ouvia falar na construção da avenida. Tanto tempo ‘só no papo’ gerou incredulidade neles e nos vizinhos. O último fato aconteceu antes das eleições, quando o prefeito Renato Nunes de Oliveira (PP) assinou o contrato de mais de R$ 46 milhões com a empresa Sul Catarinense para o início das obras. Além da avenida, também será feita a drenagem e a coleta de esgoto na bacia do Ponte Grande. O prazo para início é de 120 dias. Em linhas gerais, a obra começa, no primeiro semestre de 2013.


Até lá, o banheiro externo feito de madeira pelo casal vai continuar jogando esgoto no Ponte Grande, assim como a maioria das outras casas cujo terreno faz divisa com o ribeirão.


Fotos: Thomas Michel

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