quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Porta giratória irrita cliente, que tira a roupa em agência bancária



Porta giratória irrita cliente, que  tira a roupa em agência bancária
Lages, 01/03/2013, Correio Lageano, por Susana Küster


Segundo o aposentado Flares Varela, porta apitou 10 vezes e ele não conseguiu entrar no banco



O aposentado Flares Roberto Varela, 43 anos, tentou, na quarta-feira, entrar na Caixa Econômica Federal de Lages, mas não conseguiu porque a porta giratória, segundo ele, travou 10 vezes.



Ele diz que se sente humilhado e constrangido com a situação. “Na primeira vez tentei entrar, apitou a porta. Aí coloquei o celular na caixinha. Aí apitou de novo. Saí e outra pessoa conseguiu passar. Nisso, falei para o guarda que tenho prótese de titânio, mas ele disse que isso não influencia na porta. Tentei de novo e travou novamente. Aí veio outra pessoa e a porta travou, mas ao colocar algo na caixa, essa pessoa voltou e conseguiu passar”, lembra.



Depois disso, ele diz que tentou passar novamente e não conseguiu. “O guarda disse para eu tentar na outra porta, mas também travou. Nisso, ele perguntou se o meu coturno tinha ponteira de aço. Apesar de não ter, eu tirei e fiquei descalço. Nisso, ele me disse para eu esperar o gerente”, conta.



Segundo o aposentado, quando o gerente chegou ele já havia tentado entrar 10 vezes na agência. O gerente perguntou se o coturno tinha ferro, como ele já havia colocado os sapatos, os tirou novamente e tentou entrar. “A porta apitou de novo. Aí ele me perguntou se eu tinha algum metal no corpo, eu então tirei a camisa e tentei passar. Mesmo assim, ele me falou que eu tinha metal no corpo. Aí tirei a calça e tentei passar. Fiquei só de cueca na Caixa”, relata.



Flares diz que o gerente se apavorou e saiu junto com o guarda. O apossentado afirma que saiu inconformado e foi procurar um advogado. “Há alguns dias, consegui entrar na Caixa depois que deixei o celular”, diz.



Ele conta que foi em outros dois bancos antes de ir na Caixa e conseguiu entrar sem nenhuma dificuldade. O aposentado registrou boletim de ocorrência e vai entrar com uma ação por danos morais e materiais. Seu advogado, Clineu Antunes Vieira Filho, explica que a ação é também material, porque seu dano moral foi materializado.



O filho de Flares viu o episódio que o pai enfrentou e sua mulher, que estava dentro do banco para trocar um cheque, não soube o que estava ocorrendo. “Fui ao banco para dar segurança à minha esposa, que estava na parte interna trocando um cheque. Todos sabem que os guardas podem liberar a porta. Por que não fizeram isso?”, lamenta, dizendo que nunca mais quer ir à agência.



Gerente diz que sistema é para segurança do cliente


O gerente geral da Caixa Econômica Federal (CEF), Luís Antônio Pacheco de Andrade, afirma que o cliente Flares Roberto Varela não conseguiu passar  porque tinha algo feito de metal no corpo.



Ao ser indagado porque Varela, com platina no cotovelo devido a uma lesão, já havia conseguido entrar na CEF em outro dia e porque não tinha conseguido, o gerente disse que somente próteses grandes travam a porta. “As pessoas que têm marcapasso não conseguem entrar e entram pela porta ao lado”, diz.



Ele afirma que Varela não tentou entrar na agência 10 vezes e sim duas. “A porta tem sensores, se houver muitas moedas, ela trava. Mas se tiver celular e chaves, ele não trava. Há um volume de metal por peso, mas não sei dizer a quantidade”.



O gerente afirma que a porta giratória é uma segurança para os clientes e também para os funcionários do banco. “O guarda-volume existe para as pessoas colocarem seus objetos”.



Ele diz que os vigilantes não podem travar a porta, mas podem liberar. “Para liberar, o vigilante chama o gerente, que libera”. Pacheco diz que quando outro gerente foi chamado, Varela já havia tirado a roupa. “Ele deveria ter falado que tinha platina no cotovelo, a porta pode ter travado por isso”, finaliza.



Em SP, mais de mil ações já ocorreram


Devido ao elevado número de ações judiciais por constrangimentos, danos morais e até mortes, alguns bancos estão optando por retirarem as portas giratórias. No ano passado, só no Tribunal de Justiça de São Paulo, já foram mais de mil ações de clientes pedindo reparação por danos morais em portas giratórias. O equipamento já está sendo retirado de algumas agências de dois dos principais bancos brasileiros.



Apesar de não serem uma obrigatoriedade em agências bancárias, os bancos em Lages não vão retirar esse equipamento de segurança. Santa Catarina e Lages possuem legislação que obriga as agências a terem as portas giratórias com detector de metais.
A Lei Federal que rege a segurança das instituições é a 7.102, de 1983.  



Segundo a legislação, é obrigatório que haja vigilantes, alarme com comunicação e mais um item. Porta giratória com detector de metais, sistema de monitoramento com câmeras e cofre com retarde de abertura são alguns dos itens que se incluem no terceiro mecanismo de segurança.



Instaladas nas décadas de 1980 e 1990 para coibir a ação de criminosos. Para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a instalação das portas giratórias reduziu o número de assaltos nas agências metropolitanas.



Foto: Susana Küster e Divulgação

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