Lages, 02 e 03/11/2013, Correio Lageano, por Suzani Rovaris
O pioneiro do cinema catarinense João Amorim, recebe neste final de semana homenagem do Festival Audiovisual Catarinense. Com dez filmes em sua bagagem profissional, o cineasta é querido entre os serranos pela sua trajetória e afinidade com os costumes do homem do campo.
Sempre se identificou com a arte, desde pequeno gostava de música e filme. Tocava viola e acordeon. Aos 18 anos, João Amorim viajou para São Paulo para gravar seu primeiro disco “Os Seresteiros dos Pampas” e foi nessa ocasião que teve o primeiro contato com o cinema, foi convidado para trabalhar como coadjuvante no filme “Instrumento da Máfia”.
A partir daí, se identificou com esse mundo e em 1985 lançou seu primeiro filme “Calibre 12”, clássico entre o cinema brasileiro. Com texto de sua autoria, o próprio João Amorim foi protagonista da história que foi gravada em Lages e Campos Novos.
Hoje, 28 anos depois, o cineasta relembra algumas curiosidades. “Nas últimas cenas do filme, nós viajamos para Campos Novos e convidei minha esposa para me acompanhar. Iríamos gravar a cena em que os pais da jovem mocinha marcam o casamento dela”. Como conta Amorim, a cena tinha a participação do CTG Planalto Serrano, que iria fazer uma dança segundo os costumes locais. “Mas, como ocorreu um imprevisto o grupo não pôde estar presente para gravar a cena”.
Aos risos, Amorim conta que, para não perderam a viagem, a cena subsequente foi antecipada. “Justamente nessa cena o forasteiro precisava beijar a mocinha com que ele havia casado, precisei explicar muito para minha esposa não pensar que levei ela só para ver aquela cena”.
Histórias reais contadas através do cinema
O roteiro de todos os seus filmes são, na maioria, fruto de histórias reais. Situações em que as pessoas com quem ele teve contato conviveram. “São lendas urbanas que o homem do campo conta e que passam de geração em geração”.
Ele lembra de um criador de porcos que foi visitado pelo fiscal da prefeitura por três vezes e em todas as visitas, recebia multa, pois alimentava os porcos de maneira errada. A história, segundo Amorim, aconteceu em São José do Cerrito.“De tanto o fiscal encher a paciência do pobre criador, ele disse que a última coisa que havia dado aos animais foi dinheiro, assim eles comeriam o que queriam”.
A maioria dessas histórias, como ele frisa, procura resgatar os costumes da família que mora, vive e morre no campo. “São histórias de um povo que preserva a tradição serrana”, conclui João Amorim.
Do anônimo para as telinhas do cinema
Uma das principais características dos filmes que João Amorim faz é a formação de um elenco totalmente amador. São pessoas que saíram do anonimato e se transformaram em protagonistas.
As produções cinematográficas são gravadas com famílias que moram no interior da Serra Catarinense, pequenos empresários, fazendeiros, agricultores, produtores, entre tantas outras personalidades da região. Para alguns, fazer parte do filme de João Amorim é uma honra.
Próximo
Ele conta que no último filme gravado e que será lançado este mês, Chumbo Grosso, dois irmãos o procuraram quando estava terminando de ser gravado. “Conseguimos encaixá-los nas últimas cenas”.
Apesar da maioria dos personagens ser pessoas simples, contudo, nem todos os participantes dos filmes são tão amadores assim. O famoso Zé do Caixão marcou presença no filme “Homem sem Terra”, segundo filme gravado por Amorim.
Amigo de Toni Ramos, Lima Duarte e Vera Fischer, os filmes de João Amorim quase tiveram participações especiais, se não fossem os imprevistos.
Filmes gravados por João Amorim
Calibre 12 1985
Homem sem Terra 1986
João Catador 1988
Sétima Fuga 1990
Forasteiro 1994
Guerra do Contestado 1996
Os Tropeiros 1998
Obrigado a Matar 2004
Jango Bocha 2006
Chumbo Grosso 2013
Fotos:Suzani Rovaris e Divulgação
O pioneiro do cinema catarinense João Amorim, recebe neste final de semana homenagem do Festival Audiovisual Catarinense. Com dez filmes em sua bagagem profissional, o cineasta é querido entre os serranos pela sua trajetória e afinidade com os costumes do homem do campo.
Sempre se identificou com a arte, desde pequeno gostava de música e filme. Tocava viola e acordeon. Aos 18 anos, João Amorim viajou para São Paulo para gravar seu primeiro disco “Os Seresteiros dos Pampas” e foi nessa ocasião que teve o primeiro contato com o cinema, foi convidado para trabalhar como coadjuvante no filme “Instrumento da Máfia”.
A partir daí, se identificou com esse mundo e em 1985 lançou seu primeiro filme “Calibre 12”, clássico entre o cinema brasileiro. Com texto de sua autoria, o próprio João Amorim foi protagonista da história que foi gravada em Lages e Campos Novos.
Hoje, 28 anos depois, o cineasta relembra algumas curiosidades. “Nas últimas cenas do filme, nós viajamos para Campos Novos e convidei minha esposa para me acompanhar. Iríamos gravar a cena em que os pais da jovem mocinha marcam o casamento dela”. Como conta Amorim, a cena tinha a participação do CTG Planalto Serrano, que iria fazer uma dança segundo os costumes locais. “Mas, como ocorreu um imprevisto o grupo não pôde estar presente para gravar a cena”.
Aos risos, Amorim conta que, para não perderam a viagem, a cena subsequente foi antecipada. “Justamente nessa cena o forasteiro precisava beijar a mocinha com que ele havia casado, precisei explicar muito para minha esposa não pensar que levei ela só para ver aquela cena”.
Histórias reais contadas através do cinema
O roteiro de todos os seus filmes são, na maioria, fruto de histórias reais. Situações em que as pessoas com quem ele teve contato conviveram. “São lendas urbanas que o homem do campo conta e que passam de geração em geração”.
Ele lembra de um criador de porcos que foi visitado pelo fiscal da prefeitura por três vezes e em todas as visitas, recebia multa, pois alimentava os porcos de maneira errada. A história, segundo Amorim, aconteceu em São José do Cerrito.“De tanto o fiscal encher a paciência do pobre criador, ele disse que a última coisa que havia dado aos animais foi dinheiro, assim eles comeriam o que queriam”.
A maioria dessas histórias, como ele frisa, procura resgatar os costumes da família que mora, vive e morre no campo. “São histórias de um povo que preserva a tradição serrana”, conclui João Amorim.
Do anônimo para as telinhas do cinema
Uma das principais características dos filmes que João Amorim faz é a formação de um elenco totalmente amador. São pessoas que saíram do anonimato e se transformaram em protagonistas.
As produções cinematográficas são gravadas com famílias que moram no interior da Serra Catarinense, pequenos empresários, fazendeiros, agricultores, produtores, entre tantas outras personalidades da região. Para alguns, fazer parte do filme de João Amorim é uma honra.
Próximo
Ele conta que no último filme gravado e que será lançado este mês, Chumbo Grosso, dois irmãos o procuraram quando estava terminando de ser gravado. “Conseguimos encaixá-los nas últimas cenas”.
Apesar da maioria dos personagens ser pessoas simples, contudo, nem todos os participantes dos filmes são tão amadores assim. O famoso Zé do Caixão marcou presença no filme “Homem sem Terra”, segundo filme gravado por Amorim.
Amigo de Toni Ramos, Lima Duarte e Vera Fischer, os filmes de João Amorim quase tiveram participações especiais, se não fossem os imprevistos.
Filmes gravados por João Amorim
Calibre 12 1985
Homem sem Terra 1986
João Catador 1988
Sétima Fuga 1990
Forasteiro 1994
Guerra do Contestado 1996
Os Tropeiros 1998
Obrigado a Matar 2004
Jango Bocha 2006
Chumbo Grosso 2013
Fotos:Suzani Rovaris e Divulgação
Um comentário:
A filmografia está com datas incorretas: Calibre 12 é de 1988, Homem Sem Terra é de 1996 - recomendo consultar o site da Cinemateca para conferir essas e outras informações
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