quarta-feira, 23 de julho de 2014

No verão pratica-se futebol, no inverno pode virar campo de pesca

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Otacílio Costa, 23/07/2014 Correio Otaciliense
 
 
Em Otacílio Costa um fato inusitado acontece todos os anos. Devido às fortes chuvas que caem na região durante as estações de outono e de inverno, o campo de futebol do município fica completamente submerso. Nesta época, o campo que no verão é utilizado para a prática de futebol torna-se uma extensa lagoa, para a felicidade de muitos pescadores, que se aproveitam do momento para aumentar a renda familiar.
Na semana passada, por exemplo, encontramos um grupo de amigos - cada um com uma vara de pesca, passando o tempo em cima de uma canoa, bem no centro do gramado, quer dizer, bem no meio do que já foi um campo de futebol. Os amigos, Wilson Germano, José Lindomar, Carmozino e Donizete Marcos, contam que praticamente todo o ano é assim.  “Pra nós que praticamos a pescaria, o campo de futebol torna-se mais uma opção para a prática da atividade”, disse um deles, brincando que no inverno poderia ser realizada alguma competição aquática, tipo remo, polo aquático ou até mesmo a pescaria.
Segundo os pescadores esse fenômeno acontece todos os anos, devido ao estádio de futebol estar localizado nas proximidades do Rio Canoas. Como o outono/inverno é um período chuvoso, o rio acaba transbordando vindo a alagar o campo.
O esportista, Aldemir José de Oliveira, o “Bidão”, conta que em sua época de adolescente, essa situação não acontecia com tanta frequência. “O campo somente ficava coberto, quando ocorriam grandes enchentes. Agora é difícil o ano em que o campo não alaga, pelo menos duas ou até três vezes. A natureza teve um reverso muito grande nos últimos anos”, observa ele.
Bidão, que comanda um dos times mais tradicionais da cidade, destaca também que existe certa preocupação com relação à previsão de muita chuva para os próximos meses. “É bem provável que neste inverno o estádio fique inutilizável. Porém, tudo vai depender do tempo, torcemos para que as chuvas cessem e o nosso estádio municipal volte a ser um campo de futebol”, finalizou. 
 
 
Nível da água já passou de três metros dentro do campo 
 
 
Conforme o superintendente de esportes do município, Gilmar Frutuoso, o “Pépe”, as traves do campo de futebol já ficaram cobertas pela água em outras oportunidades. Desta vez, de acordo com estimativas, o nível da água não passou de 1m80cm dentro do gramado, sendo que as dimensões do campo são de 110 x 75 metros.
Ele observa que praticamente todos os anos o campo vem sofrendo com os alagamentos. “Todo ano é assim, quando chega essa época dificilmente o campo não vira uma grande lagoa” avaliou.
Assim como a água chega, também vai embora.
Depois de aproximadamente 15 dias coberto pela água, o gramado voltou a aparecer na segunda-feira (14). A grama, no entanto, como acontece ao logo dos anos, não deve sofrer com as consequências do alagamento. “Tínhamos feito uma prevenção no gramado, com drenagem e adubação. Creio que ele vai continuar em ótimas condições de uso”, analisou Pépe.
O superintende relata ainda, que em virtude das chuvas mais constantes nesta época do ano, o campeonato municipal é disputado nas estações quentes. “Para evitar que a competição seja interrompida realizamos no verão”, descreveu.
 
Fenômeno faz parte da história do município 
 
 
O secretário de Meio Ambiente, Charles Chaves, diz que o fato acontece devido ao campo de futebol estar localizado ao lado do Rio Canoas, que nasce entre a Serra de Anta Gorda e a Serra da Boa Vista, na divisa das cidades de Anitápolis, Santa Rosa de Lima e Bom Retiro, cortando a maioria dos municípios serranos até desembocar no Rio Uruguai.
Ele analisa que o acontecimento no campo de futebol de Otacílio Costa provavelmente ocorre devido ao estreitamento que o rio teve nos últimos anos, agregado às fortes chuvas que caem em um curto período de tempo. “Antigamente chovia em menor quantidade, Hoje vem chovendo muito, em poucas horas”, analisou. Outro fator segundo Charles, é o município represar as águas vindas de grandes bacias hidrográficas, como a de Urubici. “Muitas vezes não chove aqui, mas se chove muito nas bacias os rios automaticamente enchem”, explicou.
Contrariando os pescadores, Charles estima que seja pouco provável encontrar alguma espécie de peixe dentro do campo de futebol, durante as enchentes. Ele observa que se houver alguma espécie, pode ser a carpa. “A carpa procura ficar nos alagados, não imagino que eles consigam encontrar outra espécie neste local”, analisou, comentando que as demais variedades de peixes encontradas no rio são a Traíra, o Jundiá, o Cará, o Cascudo, entre outros, no entanto essas espécies dificilmente serão encontradas Nos arredores do alagado.
Ele observa, porém, que se existirem peixes nas extremidades do campo, o fenômeno ocorre em virtude das fortes correntezas no rio, desta forma os peixes procuram pontos mais calmos para ficar.

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