Cerro Negro, 30/01/2014, Correio Lageano, por Núbia Garcia
Um fato curioso colocou Cerro Negro, uma cidade com 3.472 habitantes, em destaque nacional na última semana. Segundo um levantamento apontado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a cidade está entre as 20 que mais demitiram funcionários no país em 2013.
Cerro Negro é a única representante catarinense a figurar em uma lista divulgada, que aponta os 50 municípios brasileiros que mais demitiram. De acordo com o levantamento do Caged, 1.397 trabalhadores foram demitidos no ano passado no município e 904 foram admitidos.
Para se ter ideia do quão absurdo é o dado, este número corresponde quase ao total de pessoas economicamente ativas na cidade, que é de 1.944. O vice-prefeito do município, Joceli Varela da Silva, afirmou que a prefeitura desconhece tal dado, que está fora da realidade do município. “Levaríamos uns 20 anos para registrar este número de demissões”.
IRREAL: Para o prefeito, dizer que quase 1.400 pessoas foram demitidas é absurdo porque o número é maior que a quantidade de moradores da área urbana do município. “Na área urbana temos crianças, jovens, adultos e idosos, ou seja, nem todo mundo que mora nesta parte da cidade é economicamente ativo”.
A explicação para o dado do Caged pode estar no município vizinho, Abdon Batista, onde está acontecendo a construção da Usina Hidrelétrica Garibaldi. Mas para Joceli, ainda assim a informação não faz sentido, pois não há mais que 50 trabalhadores de Cerro Negro empregados nas obras da usina.
Num e-mail genérico, o Ministério do Trabalho e Emprego afirmou que as informações do Caged são apresentadas pelas empresas e os dados de Cerro Negro se referem a estabelecimentos sediados no próprio município, conforme cadastro de pessoas jurídicas.
De acordo com o órgão, empresas que declaram de forma centralizada empregados, os quais deveriam ser declarados para cada município, estão passíveis de fiscalização e multa.
Usina contrata trabalhadores de diversas cidades
A construção da Usina Hidrelétrica Garibaldi, que iniciou em março de 2011, vem mexendo com a economia não só de Abdon Batista, onde estão instalados o escritório da empresa Triunfo e o alojamento dos funcionários, mas também de Cerro Negro, São José do Cerrito e Vargem.
Por causa das obras, trabalhadores destes municípios e de outros como Anita Garibaldi e Campo Belo do Sul, ficam em um alojamento na cidade de Abdon Batista. Os contratados, independentemente do município de origem, precisam se reportar ao Sine de Campos Novos, que tem um controle da quantidade de pessoas que permanece temporariamente em Abdon.
Neste início de ano, há pelo menos 360 pessoas envolvidas diretamente com a obra. De acordo com o encarregado do setor de recursos humanos da Triunfo em Abdon Batista, Volney Mendes, no ano passado foram registradas 2.387 demissões na obra, contra 1.004 admissões. Contudo, apenas 26 demissões estão diretamente relacionadas com trabalhadores de Cerro Negro.
Mendes explica que mensalmente é repassado à matriz da Triunfo um relatório contendo o número de funcionários ativos, admitidos e demitidos, separados de acordo com seu município de origem. A matriz é a responsável por repassar os dados ao Caged.
Cidade pequena, com poucos moradores na área urbana
Uma pequena cidade onde aproximadamente 78% da população vive na área rural, sem indústrias, com comércio caracterizado por atividades familiares (o que resulta em um alto índice de empregos informais), Cerro Negro tem como base a agricultura familiar em pequenas propriedades.
A prestação de serviços é uma grande força e o maior empregador é a prefeitura, que tem cerca de 250 funcionários. “Não tem indústrias na cidade. Temos apenas uma fábrica de cortinas que emprega cerca de 40 pessoas. Os dados do Caged não se justificam”, afirma o vice-prefeito, Joceli Varela da Silva.
Proporções: Para se ter uma dimensão do quão pequena é a cidade, há apenas uma agência bancária, situada próxima à prefeitura, que é rodeada por poucos estabelecimentos comerciais, dois postos de combustíveis (que estão às margens da rodovia que corta a cidade) e o único restaurante da cidade, que está fechado nesta semana, por causa das férias coletivas dos funcionários.
“Cerro Negro não tem uma oferta de empregos tão grande, mas sobrevive da agricultura familiar, pequenas propriedades, cultura de grãos, mel, da fabricação de laço e do pequeno comércio que tem dentro da sede”, analisa o vice-prefeito.
A agricultura tem mostrado sua força não somente perante à economia local, mas à regional também. Somente em 2013, cerca de mil hectares começaram a receber plantio de grãos pela primeira vez. Até o início deste ano, 17% das áreas produtivas eram utilizadas como pastagem para o gado de corte.
As áreas plantadas aumentaram por causa da presença de investidores de municípios vizinhos. O agricultor Alceu Dal Molin, que mora há 10 anos em Cerro Negro e produz grãos, é um destes investidores. Sua plantação teve incremento de 45 hectares em 2013.
RANKING
Confira as dez cidades que mais demitiram em 2013*, e a posição de Cerro Negro
Cerro Negro em números
Fotos: Núbia Garcia
Um fato curioso colocou Cerro Negro, uma cidade com 3.472 habitantes, em destaque nacional na última semana. Segundo um levantamento apontado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a cidade está entre as 20 que mais demitiram funcionários no país em 2013.
Cerro Negro é a única representante catarinense a figurar em uma lista divulgada, que aponta os 50 municípios brasileiros que mais demitiram. De acordo com o levantamento do Caged, 1.397 trabalhadores foram demitidos no ano passado no município e 904 foram admitidos.
Para se ter ideia do quão absurdo é o dado, este número corresponde quase ao total de pessoas economicamente ativas na cidade, que é de 1.944. O vice-prefeito do município, Joceli Varela da Silva, afirmou que a prefeitura desconhece tal dado, que está fora da realidade do município. “Levaríamos uns 20 anos para registrar este número de demissões”.
IRREAL: Para o prefeito, dizer que quase 1.400 pessoas foram demitidas é absurdo porque o número é maior que a quantidade de moradores da área urbana do município. “Na área urbana temos crianças, jovens, adultos e idosos, ou seja, nem todo mundo que mora nesta parte da cidade é economicamente ativo”.
A explicação para o dado do Caged pode estar no município vizinho, Abdon Batista, onde está acontecendo a construção da Usina Hidrelétrica Garibaldi. Mas para Joceli, ainda assim a informação não faz sentido, pois não há mais que 50 trabalhadores de Cerro Negro empregados nas obras da usina.
Num e-mail genérico, o Ministério do Trabalho e Emprego afirmou que as informações do Caged são apresentadas pelas empresas e os dados de Cerro Negro se referem a estabelecimentos sediados no próprio município, conforme cadastro de pessoas jurídicas.
De acordo com o órgão, empresas que declaram de forma centralizada empregados, os quais deveriam ser declarados para cada município, estão passíveis de fiscalização e multa.
Usina contrata trabalhadores de diversas cidades
A construção da Usina Hidrelétrica Garibaldi, que iniciou em março de 2011, vem mexendo com a economia não só de Abdon Batista, onde estão instalados o escritório da empresa Triunfo e o alojamento dos funcionários, mas também de Cerro Negro, São José do Cerrito e Vargem.
Por causa das obras, trabalhadores destes municípios e de outros como Anita Garibaldi e Campo Belo do Sul, ficam em um alojamento na cidade de Abdon Batista. Os contratados, independentemente do município de origem, precisam se reportar ao Sine de Campos Novos, que tem um controle da quantidade de pessoas que permanece temporariamente em Abdon.
Neste início de ano, há pelo menos 360 pessoas envolvidas diretamente com a obra. De acordo com o encarregado do setor de recursos humanos da Triunfo em Abdon Batista, Volney Mendes, no ano passado foram registradas 2.387 demissões na obra, contra 1.004 admissões. Contudo, apenas 26 demissões estão diretamente relacionadas com trabalhadores de Cerro Negro.
Mendes explica que mensalmente é repassado à matriz da Triunfo um relatório contendo o número de funcionários ativos, admitidos e demitidos, separados de acordo com seu município de origem. A matriz é a responsável por repassar os dados ao Caged.
Cidade pequena, com poucos moradores na área urbana
Uma pequena cidade onde aproximadamente 78% da população vive na área rural, sem indústrias, com comércio caracterizado por atividades familiares (o que resulta em um alto índice de empregos informais), Cerro Negro tem como base a agricultura familiar em pequenas propriedades.
A prestação de serviços é uma grande força e o maior empregador é a prefeitura, que tem cerca de 250 funcionários. “Não tem indústrias na cidade. Temos apenas uma fábrica de cortinas que emprega cerca de 40 pessoas. Os dados do Caged não se justificam”, afirma o vice-prefeito, Joceli Varela da Silva.
Proporções: Para se ter uma dimensão do quão pequena é a cidade, há apenas uma agência bancária, situada próxima à prefeitura, que é rodeada por poucos estabelecimentos comerciais, dois postos de combustíveis (que estão às margens da rodovia que corta a cidade) e o único restaurante da cidade, que está fechado nesta semana, por causa das férias coletivas dos funcionários.
“Cerro Negro não tem uma oferta de empregos tão grande, mas sobrevive da agricultura familiar, pequenas propriedades, cultura de grãos, mel, da fabricação de laço e do pequeno comércio que tem dentro da sede”, analisa o vice-prefeito.
A agricultura tem mostrado sua força não somente perante à economia local, mas à regional também. Somente em 2013, cerca de mil hectares começaram a receber plantio de grãos pela primeira vez. Até o início deste ano, 17% das áreas produtivas eram utilizadas como pastagem para o gado de corte.
As áreas plantadas aumentaram por causa da presença de investidores de municípios vizinhos. O agricultor Alceu Dal Molin, que mora há 10 anos em Cerro Negro e produz grãos, é um destes investidores. Sua plantação teve incremento de 45 hectares em 2013.
RANKING
Confira as dez cidades que mais demitiram em 2013*, e a posição de Cerro Negro
- 1º Porto Velho (RO) 8.112
- 2º Parauapebas (PA) 5.795
- 3º Paulínia (SP) 3.891
- 4º Salgueiro (PE) 3.402
- 5º São L. da Mata (PE) 2.935
- 6º Joaquim Nabuco (PE) 2.845
- 7º Nova Lima (MG) 2.539
- 8º Coruripe (AL) 2.511
- 9º São M. Campos (AL) 2.232
- 10º Matão (SP) 2.135
- 16º Cerro Negro (SC) 1.397
Cerro Negro em números
- 3.581 é a população total do município
- 54,3% deste total, ou seja, pouco mais de 1.940 pessoas formam a população economicamente ativa
- 2.817 pessoas vivem na área rural
- 764 vivem na área urbana
- A economia do município é regida pela agricultura.
- De acordo com levantamento feito pelo Sebrae, em 2011 o setor de serviços foi o mais representativo em número de empresas, assim como na geração de empregos.
Fotos: Núbia Garcia
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