quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Trabalhadores nem sempre se protegem

Trabalhadores nem sempre se protegem
Lages, 10/01/2014, Correio Lageano, por Núbia Garcia




Embora a incidência de casos tenha diminuído nos últimos quatro anos, o número de acidentes de trabalho na construção civil ainda chama a atenção. Entre janeiro e novembro de 2013, foram 117 registros feitos pelo Cerest em toda a região. O setor foi o terceiro em registros do gênero, ficando atrás apenas do comércio e da indústria.




De acordo com os sindicatos laboral e patronal, nos últimos anos a quantidade e a gravidade de acidentes reduziu drasticamente na região. Contudo, a redução deste índice nem sempre se reflete no comportamento dos trabalhadores. Em dezembro, uma equipe do Correio Lageano flagrou a situação mostrada na capa desta edição: funcionários pintando um prédio, no Centro da cidade, sem o uso de todos os equipamentos de proteção necessários.




Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Lages (Sinduscon), Pedro Antônio Garib, a maior parte dos acidentes registrados atualmente acontecem em obras que não são tocadas por empresas constituídas.




ORIENTAÇÕES: Garib explica que, para reduzir o número de acidentes de trabalho o Sinduscon tem disponibilizado aos associados parceria com uma prestadora de serviços técnicos em segurança no trabalho. “Esta empresa vistoria as obras e relata aos responsáveis nas construtoras o que encontrou em divergência com as normas de segurança para que se tome as devidas providências”, explica.




ALERTA:Sem autoridade para executar fiscalizações dentro das obras, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e Mobiliário de Lages orienta aos trabalhadores para que façam denúncias quando presenciarem irregularidades. De acordo com o presidente, Milton Malinverni, quando o sindicato constata irregularidades, imediatamente comunica ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), que comparece ao local para fiscalizar.



Acidentes de menor gravidade em 2013


Para Milton Malinverni, embora o número de acidentes no setor tenha sido relativamente alto, a gravidade tem sido menor que em anos anteriores. Ele cita por exemplo, o ano de 2010, quando foram registradas pelo menos três mortes de trabalhadores em obras. Por levar isto em consideração, Malinverni destaca que “os [acidentes] deste ano não foram tão graves quanto os de anos anteriores, foram acidentes mais leves e corriqueiros”.



A técnica em segurança do trabalho do Cerest, Angelita Ribeiro, acredita que fatores como descuido, falta de preparo e atenção do funcionário e questões culturais, são motivos que contribuem para os altos índices de acidentes no setor. “Acontecem mais acidentes com autônomos porque não têm quem lhes cobre o uso de equipamentos de proteção individual e coletiva. Na indústria os trabalhadores usam mais os equipamentos porque são cobrados”, comenta.



DIFERENCIAÇÃO: Desde o início de 2013, o Cerest diferencia duas categorias de profissionais na hora de contabilizar os acidentes de trabalho na construção civil: pedreiros e pintores. “Isto acontece porque a maioria destes profissionais trabalha de forma autônoma, sem ter vínculos com construtoras ou empreiteiras”, diz.



Ranking
  • Setores com mais
  • acidentes de trabalho
  • na região em 2013
  •  Comércio    181
  •  Indústria    148
  •  Construção Civil    117

Subdivisão

  •  Const. Civil (empresas)    67
  •  Pedreiros (autônomos)    39
  •  Pintores (autônomos)    11
Fonte: Cerest Lages



Foto: Suzani Rovaris/ArquivoCL

Nenhum comentário: