terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Médico lageano atendeu vítimas de incêndio em Santa Maria

Médico lageano atendeu vítimas de incêndio em Santa Maria
Lages, 30/01/2013, Correio Lageano


Estudante de medicina na UFSM, Jonathan Machado estava de plantão no dia do incêndio



Médico residente no Pronto Socorro de Santa Maria, o lageano Jonathan Machado estava de plantão quando ocorreu o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde morreram 231 pessoas. Ele atendeu a primeira vítima que chegou ao local, que estava intoxicada devido à fumaça que inalou.



Jonathan cursa Medicina na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ele se forma no final do ano que vem e pretende se especializar em cirurgia. Ele relata que 30 vítimas do incêndio foram para o pronto socorro, todas estavam intoxicadas e com lesões de queimadura, e a maioria teve que ser entubada. “Em questão de minutos, toda a equipe se prontificou e se dividiu para atender os pacientes”, lembra.



O pronto socorro recebeu somente 30 vítimas, pois a maioria das pessoas foi para os hospitais do Centro, que são mais próximos da casa noturna. Machado diz que as pessoas chegavam com a pele preta devido à fumaça do incêndio. “Dos 30 feridos, um infelizmente morreu, pois já chegou em coma e apesar de fazermos todos os procedimentos,  não resistiu”, conta.



Ele diz que os médicos que não estavam trabalhando foram chamados para os hospitais. “Também vieram profissionais de São Paulo e Porto Alegre para ajudar. No outro dia, os pacientes em estado grave foram para Porto Alegre, no centro de queimados”. Para ele, o cenário era de guerra, pois havia gente chegando a todo instante. “Apesar de ser muito triste, mostrou a união do povo gaúcho, todos se ajudaram”, comenta.



O médico residente diz que a tragédia o sensibilizou e mostrou que tudo é efêmero. “Também me alertou que devemos sempre valorizar as pessoas que gostamos. Fizemos o nosso melhor, agora podemos rezar e amparar as famílias”, finaliza.



Jonathan conta como foi sua experiência



Médico residente no Pronto Socorro de Santa Maria, o lageano Jonathan Machado conta como foi atender as vítimas do incêndio na boate Kiss, de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.


Como estavam as vítimas que chegaram no Pronto Socorro?

Todas estavam com a pele preta devido à fumaça, lesões de queimadura e intoxicadas. A maioria foi entubada.



Que tipo de trabalho você fez?

Fazia a triagem e dava auxílio aos médicos. Mas o primeiro paciente, eu que atendi, coloquei oxigênio e fui acordar o pessoal que estava de plantão.


Como foi esta experiência para você?

Este foi o segundo maior acidente do Brasil, é raro quem passou por isso. Foi como um cenário de guerra, era gente chegando a todo instante. Foi muito triste, mas mostrou a união do povo gaúcho.



Corpo de Bombeiros de Lages comunica que 95% das boates da cidade estão regulares



O Corpo de Bombeiros de Lages fez um levantamento da situação das casas noturnas de Lages depois do incêndio que ocorreu na boate Kiss, de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.



De acordo com a aspirante a oficial Polliana Muller, a fiscalização será intensificada e iniciará nas boates que estão com o alvará vencido desde novembro. “95% das boates de Lages estão regulares”, afirma.



Ela diz que alguns proprietários fazem alterações na estrutura depois da vistoria ter sido feita e sem comunicar os bombeiros. “Santa Catarina é visto nacionalmente como o Estado mais exigente, que possui as leis mais rígidas. Lojas de outros Estados relatam isso para nós que somos vistos como chatos”, completa.



A aspirante diz que este momento é oportuno para lembrar de outros locais que também precisam respeitar as normas de segurança, como supermercados, salões de festas e shoppings. Ela afirma que é comum, durante as vistorias, encontrar as portas de emergência fechadas. “As pessoas também são fiscais, qualquer irregularidade pode ser denunciada através do número 193”.



Sócio-proprietário de casa noturna alerta para outros tipos de estabelecimentos


O sócio-proprietário da casa noturna Companhia, que fica no bairro São Cristovão, alerta para outros estabelecimentos como shoppings, faculdades, clubes, bares, igrejas e supermercados, que também devem se preocupar com regras de segurança. “Não estou transferindo a responsabilidade, mas todos os locais que têm aglomeração devem atender as normas”, comenta.



Em seu estabelecimento há duas saídas, uma na frente e outra na lateral, que funciona como saída de emergência. O local tem capacidade para 600 pessoas, possui sete extintores, cinco luzes de emergência e corrimão nas escadas, como foi previsto na última vistoria feita pelos Bombeiros. “Mais exigências deverão ocorrer depois desta tragédia, estamos aguardando as mudanças para nos adequar”, diz.

 

Foto: Arquivo pessoal / Divulgação

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