quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Preço da gasolina com reajuste deve ficar próximo dos R$ 3,00

Preço da gasolina com reajuste deve ficar próximo dos R$ 3,00
Lages, 31/01/2013,Correio Lageano, por Núbia Garcia


Inicialmente, reajuste foi repassado pela Petrobras às refinarias, mas consumidores serão afetados



O aumento de 6,6% no preço da gasolina e 5,4% do diesel nas refinarias, que já vinha sendo cogitado pela presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, desde outubro do ano passado, entrou em vigor na quarta-feira (30). Em Lages, o consumidor que pagava em média R$ 2,78 pela gasolina na bomba, vai passar a pagar quase R$ 3,00.



Segundo informações da  Associação Catarinense dos Revendedores de Combustíveis, na bomba, a gasolina deve ficar em média R$ 0,15 mais cara e o diesel em torno de R$ 0,11. O presidente da Associação, Sadi Montemez­­zo, explica que, por causa de fatores como o repasse das companhias e o preço pago no transporte, o repasse ao consumidor deve girar entre 8% e 10%.



“Mas são só estimativas, porque nenhuma companhia nos passou ainda os valores exatos, não há um cálculo correto para repassar. Só saberemos quando receber as primeiras cargas”, comenta.



A Petrobras informou também que os preços da gasolina e do diesel com o reajuste não incluem os tributos federais, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e PIS/Cofins, além do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é tributo estadual.



Montemezzo ressaltou ainda que o aumento do diesel é mais um fator determinante para o preço final nas bombas, uma vez que este é utilizado nos veículos de transporte dos combustíveis. “Se fosse só a gasolina era diferente, mas como mexe no óleo diesel, vai interferir no preço dos transporte de combustíveis”, analisa.



O consumidor tem que ficar atento a outro fator. Com o final da safra da cana-de-açúcar, que deve acontecer no mês de abril, o percentual de etanol na gasolina vai aumentar de 20% para 25%, o que interferirá no valor final deste combustível.



Percentual é considerado alto pelos consumidores

O último reajuste sofrido pelo setor havia acontecido em junho do ano passado, quando a gasolina teve aumento de 7,83% e o diesel de 3,94% nas refinarias. Na época, o Ministério da Fazenda isentou estes combustíveis da cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), por isso o preço pago pelos consumidores não sofreu aumento, o que não aconteceu agora.



Quem não gostou nem um pouquinho da novidade, foram os consumidores. O vendedor autônomo Luciano de Jesus Raulino Chaves usa seu carro para fazer vendas e, segundo ele, gasta em média R$ 350,00 por mês com combustível.



“Fiquei assustado com o aumento. É complicado porque não posso deixar de usar meu carro para trabalhar nem posso repassar o aumento de gasto que vou ter para os meus clientes”, conta.



Aumento faz lembrar o de 1986, por Tarcísio Poglia



O aumento da gasolina autorizado pela presidente Dilma Rousseff faz o Partido dos Trabalhadores provar do próprio veneno: adiar uma decisão técnica para obter uma ganho político.



Lá se vão 27 anos, quando o presidente era José Sarney (PMDB). O país vivia um momento de crise econômica e de abastecimento de produtos, e a planilha da Petrobras indicava que era necessário um aumento no preço da gasolina, mas Sarney represou a decisão, pois no final de 1986 haveria eleições.


Com esta decisão política, o PMDB conseguiu eleger quase todos os governadores de Estado. Quase, pois houve a exceção de Sergipe, que elegeu um governador do hoje combalido PFL.



Na época, não havia urna eletrônica, e os votos eram contados em uma semana. A contagem estava em curso quando Sarney não suportou a pressão e autorizou o aumento da gasolina. O PT, que era um partido quase nanico, saltou à frente na oposição e foi para as ruas. “Viu? A gasolina subiu” era o bordão do partido para mostrar que o PMDB havia manipulado os preços.



Agora no poder, o PT fez o mesmo. A Petrobras já havia emitido diversos sinais de que era necessário o reajuste dos combustíveis. A empresa mergulhou em crise, perdeu valor de mercado na Bolsa, mas a presidente Dilma segurou os preços dos combustíveis, pois havia uma eleição no final do ano passado.



A diferença entre 1986 e agora é que Sarney foi mais impaciente e menos cauteloso: subiu o preço durante a contagem dos votos. Dilma esperou os eleitos tomarem posse.




Foto: Núbia Garcia

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