sexta-feira, 29 de junho de 2012

Bairro Frei Rogério tem 70 anos e destaca-se pela organização

Bairro Frei Rogério tem 70 anos e destaca-se pela organização
Lages, 29/06/2012,Correio Lageano, por Silviane Mannrich



Quase 100% das ruas são asfaltadas e foi povoado graças ao Batalhão Ferroviário e madeireiras.



Quando o bairro Frei Rogério começou a ser povoado só tinha duas ruas, e o resto era campo. Os terrenos eram grandes e as casas distantes. O bairro era passagem de tropeiros e os carros eram raros, comuns mesmo, somente os carros-de-boi. Água só de poço, e luz só de vela.



As mulheres andavam com bacias cheias de roupas para serem lavadas em um rio próximo. Para chegar até o centro da cidade, somente passando pelo bairro Morro do Posto. A avenida Duque de Caxias foi construída muito tempo depois.



Não se sabe ao certo quantos anos o bairro tem, os moradores mais antigos afirmam que ele deve ter cerca de 70 anos, pois começou a ser povoado na década de 40. Por muito tempo fez parte do bairro Passo Fundo, foi desmembrado anos mais tarde. Um dos motivos para a vinda dos moradores foi a instalação do Batalhão Ferroviário e de madeireiras que foram sendo construídas nas redondezas.



Hélio Antunes Wolff vive há 68 anos no bairro, veio morar com sua família em 1944. Na época havia cerca de oito casas, uma capela pequena e muitos campos. Ele ainda vive na mesma casa de quando veio morar com seus pais. Seu pai, Afonso Antunes Wolff, veio com a esposa e mais oito filhos de São José do Cerrito. “Todos éramos pequenos e aos poucos fomos para a escola, e começamos a trabalhar muito cedo”, conta.



Ele entrou no 2° Batalhão Ferroviário com 13 anos, seu pai já trabalhava no local desde 1946. Hélio ficou lá até 1970 e depois foi transferido para o atual Dnit. No entanto, antes disso, casou-se com Verli Aparecida Rodrigues Wolff, no ano de 1966 com quem teve oito filhos. Eles estão casados há 47 anos.



Hélio conta que teve um dos primeiros televisores do bairro. “Era uma festa, todos os vizinhos queriam vir assistir as novelas”, lembra o morador. Há cinco anos o casal, que mora em uma minichácara, realiza uma vez por semana a limpeza da igreja Sagrada Família. “É um trabalho social que realizamos com muito carinho e boa vontade, afirma Verli. A moradora também diz que gosta do bairro porque bate o sol durante todo o dia.


Limpeza chama atenção



O Frei Rogério conta com uma população de 1.456 habitantes, destes 673 são homens e 783 são mulheres. A limpeza do bairro demonstra a preocupação dos moradores em manter o seu bairro organizado. Não há lixo nas ruas e a frente das casas, na sua maioria, tem calçadas e os terrenos são limpos.



De acordo com o presidente da associação de moradores do bairro, Antônio Paulo Souza Machado, 97% das ruas são asfaltadas. “Quem vive no bairro é porque gosta e mantém o local organizado, a população também é muito participativa”, afirma o presidente. Agora a prioridade do presidente é conseguir uma capela mortuária e uma sede para a associação. A comunidade também sente falta de uma farmácia no bairro. “Eu morei 20 anos no bairro e ainda trabalho na escola. Quero voltar a morar aqui, é muito tranquilo, só falta mesmo uma farmácia”, diz Ivete Gomes Lopes.




Construção da igreja graças a mutirão



A atual sede da igreja Sagrada Família, localizada no bairro Fréi Rogéiro, foi construída pelos esforços da comunidade.




A Paróquia Sagrada Família foi fundada no dia 30 de dezembro de 1974. Quando o bairro Frei Rogério começou a ser povoado já existia uma capela de madeira, mas pertencia para a Paróquia da Catedral. A atual sede da igreja foi construída com a ajuda da comunidade que realizou um mutirão, foram cinco anos até a obra ser finalizada. Os moradores do bairro passavam nas casas recolhendo papelão e garrafas pet para serem vendidos. Com o dinheiro arrecadado era feita a compra do material de construção. A nova igreja foi inaugurada no dia 27 de setembro de 1981, na missa de inauguração os fiéis lotaram o local.



Desde sua fundação a igreja realiza a festa em homenagem ao padroeiro. Este ano a comemoração acontece no dia 16 de setembro. No ano passado a festa reuniu mais de cinco mil pessoas. “Com a participação da Rádio Clube que nos ajuda na divulgação, a festa nos último cinco anos tem atingido uma proporção ainda maior, vêm pessoas não somente de outra paróquias da cidade, como também de outra cidades da região”, afirma o Padre Roberto.



O dinheiro arrecadado com a venda de churrasco e bebida é destinado para a manutenção da igreja. Neste ano as atividades serão prolongadas, iniciam no dia 26 de agosto e vão até o dia 16 de setembro.Em 2014 a Sagrada Família completará 40 anos de fundação e por este motivo a igreja está realizando um trabalho de formação de lideranças, Neste primeiro ano o tema abordado é a Bíblia, em 2013 será a juventude e em 2014 a justiça social.



O Padre Roberto destaca outros projetos como “Cuidar do broto”, onde cada criança batizada recebe uma muda de árvore nativa doadas pela Secretaria do Meio Ambiente. O padre também está programando uma celebração do parque Ecológio, juntamente com uma bicicletada para o dia 23 de setembro, início da primavera.



A paróquia também realiza a missão paroquial. Um grupo de 50 pessoas visita de casa em casa duas vezes ao ano, uma comunidade distinta. Quando algum problema é diagnosticado, os voluntários encaminham para os órgãos responsáveis. “O lema da nossa paróquia é ‘Ir ao encontro para que todos tenham vida’, então realizamos também este trabalho”, destaca o Padre Roberto. Também são atendidos pela paróquia os bairros Vila Comboni, São Pedro, Morro do Posto, Gralha Azul, Guadalupe, São Francisco e São Paulo.




Artesanato ajuda a passar o tempo e aumenta a renda




Ilda Corrêa vive há 20 anos no Frei Rogério, ela é costureira e faz pijamas para bebês, e peças de tricô e crochê. Ela encontra-se uma vez por semana com outras moradoras do bairro para uma ensinar a outras, algumas peças novas. Ele vende seus produtos e a renda ajuda nas despesas da casa. “Recebo bastante encomenda, eu faço as peças e logo elas são vendidas”, conta.



Ela mora com o marido, dois filhos, um genro e uma neta. Ele ensinou o que sabe para as filhas e pretende ensinar as netas. “Eu gosto muito do que faço, relaxa, ajuda a passar o tempo e ainda distrai”, ressalta Ilda. Ela também diz que gosta muito de morar no bairro que é tranquilo, tem infraestrutura e a segurança é boa.





Fotos: Silviane Mannrich

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