Com investimentos iniciais de R$ 300 milhões, a empresa pode atrair outras fábricas e gerar cerca de 1,1 mil empregos diretos e indiretos para produzir 5 mil caminhões por ano
A primeira montadora do estado é lageana. Em um evento no Serrano Tênis Clube, a Sinotruk apresentou seu plano de investimento para a primeira fábrica no continente americano. Serão 400 empregos diretos e outros 700 indiretos em um investimento que poderá chegar a R$ 1 bilhão até 2014. O cronograma de instalação prevê o início das construções para dezembro. Será o maior montante da história em Lages.
A empresa vai se instalar na localidade de Índios, nas margens da BR-282 em um terreno de 1 milhão de metros quadrados. Junto do parque fabril, será implantado o Parque de Inovação da Serra Catarinense (Pisc). A ideia é que os fornecedores se instalem nesse parque industrial.
Segundo o secretário de desenvolvimento econômico de Lages, Carlos Eduardo de Liz, a montadora vai ter um sistema de produção que a região não está acostumada. “Nas áreas de papel e alimentação, as indústrias por si só dominam toda a cadeia produtiva, e a Sinotruk, pelo fato de ser uma montadora, tem várias empresas orbitando em torno dela”.
A ideia é que se entregue a matéria prima na hora da produção. “É um modelo de parque industrial onde se instalarão várias fábricas”. O governador Raimundo Colombo diz que o número de empresas-satélite da Sinotruk a se instalarem giram entre 8 e 10. “Vão produzir peças e se interrelacionar com a empresa”.
Segundo o diretor geral da Sinotruk do Brasil, Joel Anderson, o capital investido será 60% nacional. Ele ressalta que a empresa optou por Lages por conta da boa proposta feita pelo governo catarinense. “Compramos um pacote, porque Lages fica na BR-116, perto de Curitiba, Porto Alegre, além disso tem o IFSC e fica perto de portos”. Joel afirma que a falta de um aeroporto não atrapalha na montagem, mas afirma que na negociação com o governo, esse ponto foi discutido.
O secretário de desenvolvimento e diretor da SC Participações e Parcerias, Paulo César da Costa, acha que com a vinda da Sinotruk, se facilitará a vinda de outras empresas do setor metal-mecânico e inclusive outras montadoras para o estado. “Isso desperta os olhos de todo o setor automobilístico do país”.
Presidente da ZF estava presente
Cogitada para ocupar o terreno onde se instalará a Sinotruk, a ZF (fabricante de componentes de direção, suspensão e transmissões) se fez presente no evento de lançamento da fábrica. O presidente da ZF sul americana, Wilson Brício Júnior, participou, mas não quis dar declarações para a imprensa, alegando que estava somente prestigiando a instalação da Sinotruk. Segundo o secretário de desenvolvimento econômico de Lages, a ZF seria uma das empresas que fornecerá peças para a Sinotruk.
Diretores da Sinotruk presentados com símbolos da cultura da Serra Catarinense
Jack Zhang e Joel Anderson, diretores da Sinotruk, receberam como presentes dois quadros do artista lageano Jonas Malinverni. Ambos retratam as paisagens da Serra Catarinense. O presente foi dado pela prefeitura de Lages. Já o governo estadual presenteou os empresários com uma estátua da heroína máxima de Santa Catarina, Anita Garibaldi.
Prioridade para mão de obra lageana
Segundo o diretor geral da Sinotruk do Brasil, Joel Anderson, se priorizará a contratação de mão de obra local. Durante a produção, serão criados 400 empregos diretos e outros 700 indiretos.
A deputada federal Carmen Zanotto (PPS/SC) disse que a ampliação do mercado de trabalho será o grande benefício social para Lages. “Nós precisamos de mais empregos para nosso municípios, a vinda da empresa possibilita que mais gente seja qualificada e que mais pais e mães de família possam ter seu sustento aqui no município”.
O tamanho da Sinotruk
São 230 mil caminhões produzidos anualmente, mais que toda a produção brasileira. São 3,3 mil engenheiros e outros 20 mil funcionários que trabalham na empresa. O Brasil tem uma importadora de Sinotruk e 35 concessionárias espalhadas pelo Brasil. Outras oito estão em construção, e a meta da empresa é chegar a 62 lojas no ano de 2014, quando inicia a produção. 78% das vendas acontecem no Sul e Centro-oeste.
Praticamente todas as peças, com exceção de vidros e pneus são feitos pela própria empresa. Na fábrica lageana, a ideia é nacionalizar ao menos 65% das peças. O pico de produção está planejado para janeiro de 2016, quando o investimento ultrapassará R$ 1 bilhão. Se almeja aumentar o número de caminhões fabricados em 60% durante os dois primeiros anos de operação, chegando a 8 mil unidades anuais.
Segundo o diretor geral da Sinotruk do Brasil, Joel Anderson, o tamanho da empresa já fez com que fornecedores chineses se interessassem pela instalação em Lages. Os principais mercados americanos da Sinotruk são a Venezuela, Colômbia, Peru, Chile e Uruguai. A fábrica exportará para estes países, além de abastecer o mercado interno. Segundo Joel, a Sinotruk planeja a construção de outra fábrica na África.
Como será a construção
Ainda não se tem um levantamento de quantos empregos serão gerados durante a construção da fábrica. A empresa LSM ficará a cargo de levantar a estrutura. Em uma primeira etapa, até dezembro, vai se buscar todas as licenças necessárias para a construção e concluir a terraplenagem do terreno com um milhão de metros.
Entre janeiro de 2013 e julho de 2014, vai ser o período de construção e compra de equipamentos. Também serão feitos os testes e contratação de pessoal neste período.
Ainda será necessária a ligação de uma rede de energia, que custará R$ 10 milhões. A Celesc fará este trabalho.
Prefeito não foi
O prefeito Renato Nunes de Oliveira estava em uma consulta médica em São Paulo e não pode ir ao evento. Ele foi diagnosticado neste mês com mieloma múltiplo.
Quem representou o prefeito foi o secretário de Desenvolvimento Econômico, Carlos Eduardo de Liz, que entregou o contrato de posse para o diretor geral da Sinotruk do Brasil, Joel Anderson. O vice-prefeito Luis Carlos Pinheiro estava presente no evento, mas não participou do cerimonial.
Fotos: Thomas Michel
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