quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Santa Catarina e a sua deficiência televisiva

http://2.bp.blogspot.com/_79B8V96zY64/RxoOo_J2KdI/AAAAAAAADm8/rigqaFm_VYc/s400/A_tv.gifPara a maioria dos catarinenses, o meio “Televisão” não pode ser considerado relevante quando o assunto é informação local e regionalizada. Com 16 emissoras geradoras de TV no Estado, não existe uma distribuição homogênea  em todas as regiões, sem citar a falta de pluralidade da informação. Mesmo com retransmissoras e escritórios nas principais cidades catarinenses, as emissoras não conseguem atender a demanda de importantes centros, sobretudo no interior. O rádio, os jornais e os canais a cabo acabam sendo as únicas alternativas.
Grandes grupos de comunicação acabam dominando as concessões e obrigando boa parte dos catarinenses a conviverem com o monopólio televisivo, além de receberem informações de regiões sem interesse comum da cidade.
Das 16 emissoras, uma é educativa (TV Cultura Florianópolis), mas que está fora do ar há anos por falta de equipamentos e de ação trabalhista. Além destas, existem outras emissoras com cunho educativo, religioso ou comunitário nas cidades de Criciúma, Lages, Balneário Camboriú, Itajaí, Blumenau e Joinville. Todas possuem um alcance limitado e, em tese, não podem explorar o espaço comercialmente.
Das comerciais, seis emissoras são pertencentes ao grupo RBS, que retransmite a Rede Globo nas cidades de Florianópolis, Criciúma, Joinville, Blumenau, Lages e Chapecó. A geradora de Lages, na verdade, é de Joaçaba, mas teve sua sede alterada para Lages com o fim da TV Catarinense, deixando a região de Joaçaba isolada do meio televisivo, mesmo que a emissora ainda reserve alguns minutos para falar da cidade. A RIC/Record detém outras sete emissoras, com geradoras em Florianópolis (2 – Record e Record News), Joinville, Itajaí, Blumenau, Chapecó e Xanxerê.
Já o SCC possui duas emissoras geradoras com sede em Lages. A TV Araucária (Comunitária) é focada para a região serrana e embora utilize microfones com o emblema do SBT, não possui qualquer relação com a emissora. Já o SBT SC, tem sua redação de jornalismo em Florianópolis e busca fazer uma programação estadualizada. Esta mesma estratégia é compartilhada pela TVBV (Band), que tem apenas uma geradora, com sede em Florianópolis.
O habitante de uma cidade como São Miguel do Oeste (35 mil habitantes), na divisa de Santa Catarina, por exemplo, vê sua cidade nos noticiários televisivos apenas quando alguma desgraça acontece, pois as geradoras de Chapecó focam principalmente a cidade geradora e com menor intensidade, algumas cidades aos arredores. Outro exemplo prático é Joaçaba (27 mil habitantes), importante centro urbano para uma região de mais de 200 mil habitantes. A cidade do meio-oeste teve por mais de 15 anos uma emissora geradora de TV, o que contribuiu para o desenvolvimento de toda região e a propagação de eventos como o seu carnaval. Com a venda da TV Catarinense, Lages passou a abrigar a sede da emissora e apenas uma equipe de jornalismo foi mantida na cidade. Resultado: Dos 80 minutos diários de informação local, a cidade hoje conta com aproximadamente cinco minutos de atenção.
No meio-oeste, outras cidades importantes também são focadas apenas quando algo extraordinário acontece. É o exemplo de Campos Novos (33 mil habitantes), Fraiburgo (35 mil), Curitibanos (38 mil), Videira (48 mil), Concórdia (69 mil) e Caçador (71 mil), cidades que raramente são destaque na mídia televisiva estadual ou regional, mesmo tendo grande importância social e econômica. Este problema é compartilhado também por outras cidades catarinenses, em todas as regiões do Estado.
Mesmo em cidades como Itajaí, Joinville, Criciúma e Blumenau, a população local não consegue ter escolha. Uma ou duas emissoras apenas possuem autorização para transmitir conteúdo local. As demais tentam jogar para todos os lados, falando um pouco de cada cidade, em virtude de possuírem apenas uma concessão e acabam perdendo a atenção de uma parcela significativa da população que busca saber tudo sobre sua região de interesse.
O adequado seria que cada grande cidade tivesse a oportunidade de ter pelo menos uma emissora de TV geradora para que possa atender sua demanda local e regional. Informação não pode ser objeto de privilégio ou monopólio. Sendo assim, cabe a população de cidades esquecidas por este importante meio reivindicarem junto a autoridades e ao Ministério das Comunicações, a abertura de concessão para novas emissoras, bem como, a garantia de que estas atendam de fato a região a qual foi outorgada.
Talvez, uma solução definitiva para esta exclusão social, seja a autorização para que as retransmissoras, em que a geradora esteja sediada dentro do mesmo estado, possam transmitir em determinados horários do dia uma programação local regionalizada, a exemplo das geradoras. Tudo deveria ter como base a soma populacional da cidade e seus arredores, bem como, sua cultura e economia. Embora isso demande altos investimentos por parte das emissoras, certamente é de interesse da população e de boa parte dos empresários de comunicação.
A próxima cidade catarinense a receber uma emissora de TV comercial deve ser Rio do Sul. O processo de licitação foi aberto em 2010. Neste ano, até o momento, nenhum outro edital está previsto para Santa Catarina.
por Júlio César Fantin

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