Lages, 05 e 06/01/2013, Correio Lageano, por Núbia Garcia
O único catarinense a se formar em uma turma de 120 estudantes, em dezembro de 2012, pela Academia da Força Aérea (AFA), foi o lageano João Otávio Bastiani Possamai. Hoje, ele é piloto de caça da Força Aérea Brasileira (FAB).
Quem o conhece, aos 22 anos, mal sabe que há seis anos ele era um adolescente que sequer sabia qual profissão seguir. Depois de fazer duas vezes a prova para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), em Barbacena (MG), ele foi aprovado em quinto lugar, concorrendo com 96,4 candidatos por vaga.
Correio Lageano: Quando você decidiu que queria ser piloto da FAB?
João Otávio: A escolha em ser piloto aconteceu quando eu estava de férias com a minha família em Garopaba. Eu estava com 16 anos, tinha concluído o primeiro ano do ensino médio e ainda não sabia ao certo que profissão teria. Conversando com o pai e a mãe sobre o que fazer da vida, mencionei ser piloto de caça, mas eu não tinha a mínima noção de como era isso.
Como você conheceu a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR)?
Pesquisei na internet, encontrei cursos e me inscrevi na prova para ingressar no terceiro ano do ensino médio do EPCAR.
E você conseguiu entrar logo na primeira vez que tentou?
Não. Fiz a prova pela primeira vez quando estava entrando no terceirão, mas fui muito mal. Prestei pela segunda vez quando terminei o ensino médio. Tinha 96,4 candidatos por vaga e acabei sendo aprovado em quinto lugar. Quando eu fiz a prova, além do exame de escolaridade, tinha exame médico. Como eu tinha miopia, fui reprovado. Tive que operar os dois olhos para poder entrar.
E você não pensou em desistir quando foi reprovado?
Quando saí da primeira prova, que prestei em Curitiba, vi que o pessoal de fora estudava em cursinhos específicos e eu achava que não conseguiria passar por isso. Meu pai me incentivou bastante. Ele me perguntou “o que eles têm que você não tem? Dúvidas você tira com seus professores, livros você pega na Biblioteca Pública, se precisar de apostila a gente compra”. Daí me empenhei mais ainda durante o terceirão e passei.
Você dá alguma dica para os estudantes que, assim como você quando era adolescente, não sabem que carreira seguir?
Meu sonho é voltar no colégio onde estudei, conversar com os alunos de primeiro e segundo ano e apresentar os vídeos sobre os cursos. Eu tive que encontrar tudo sozinho, ninguém me ajudou. Aqui no Sul o pessoal não tem muito acesso a este tipo de coisa e acaba perdendo oportunidades de ter carreiras bem diferentes por desconhecimento.
Quando foi aprovado para a EPCAR, o que mudou na sua vida de estudante?
Mudou muita coisa, especialmente a parte de atividades físicas. Eu era supersedentário, nunca tinha feito esporte nenhum, só passava jogando no computador. Daí cheguei lá e comecei a praticar esportes todo dia. Quando comecei a estudar lá emagreci um monte, ganhei massa. Não tinha tempo nem computador para ficar só jogando. Era outra vida, eu estudava bastante e sozinho.
Como foi quando concluiu o terceiro ano pela EPCAR?
Quando concluí, entrei direto na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga, no interior de São Paulo. Fiz o Curso de Formação de Oficiais Aviadores e me formei no dia 6 de dezembro do ano passado. A diferença para uma faculdade normal é que a carga horária é maior e me formei com duas graduações, sou bacharel em Administração e em Ciências Aeronáuticas.
Como eram as aulas de voo?
A gente nunca faz nada durante um voo que não esteja previsto na Ordem de Instrução, um documento que baliza toda a atividade aérea de instrução na Academia. Isso não quer dizer que o voo é monótono e sem exercícios. A gente faz todo tipo de acrobacias, faz voo em duas e quatro aeronaves. Somente se faz no voo solo o que já aprendeu e qualquer exercício não previsto é abominado, trazendo consequências graves para quem os realiza, podendo até resultar no desligamento da Academia da Força Aérea.
Quais as vantagens deste caminho que você seguiu?
Os dois cursos (ensino médio e graduação) foram custeados pelo Governo Federal, eu não tinha gasto nenhum e ainda ganhava um salário para estudar. Hoje, um salário de cadete do primeiro ano de graduação, por exemplo, gira em torno de R$ 800. Além disso, a gente ganha alojamento, comida, atendimento médico, de fisioterapia e odontológico.
Com a conclusão do curso, como fica sua carreira?
Me formei piloto militar, porém não tenho nenhuma especialidade, então não há como me empregar operacionalmente. Por isso, agora vou ingressar em um curso de especialização, em Natal, no Rio Grande do Norte. Inicialmente, serão dois meses no Curso de Tática Aérea. Então irei para a especialização em caças, que dura oito meses. Só depois disto é que estarei pronto para utilizar o avião como uma plataforma de combate, como um sistema de armas, e não somente para voar.
Foto: Divulgação
O único catarinense a se formar em uma turma de 120 estudantes, em dezembro de 2012, pela Academia da Força Aérea (AFA), foi o lageano João Otávio Bastiani Possamai. Hoje, ele é piloto de caça da Força Aérea Brasileira (FAB).
Quem o conhece, aos 22 anos, mal sabe que há seis anos ele era um adolescente que sequer sabia qual profissão seguir. Depois de fazer duas vezes a prova para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), em Barbacena (MG), ele foi aprovado em quinto lugar, concorrendo com 96,4 candidatos por vaga.
Correio Lageano: Quando você decidiu que queria ser piloto da FAB?
João Otávio: A escolha em ser piloto aconteceu quando eu estava de férias com a minha família em Garopaba. Eu estava com 16 anos, tinha concluído o primeiro ano do ensino médio e ainda não sabia ao certo que profissão teria. Conversando com o pai e a mãe sobre o que fazer da vida, mencionei ser piloto de caça, mas eu não tinha a mínima noção de como era isso.
Como você conheceu a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR)?
Pesquisei na internet, encontrei cursos e me inscrevi na prova para ingressar no terceiro ano do ensino médio do EPCAR.
E você conseguiu entrar logo na primeira vez que tentou?
Não. Fiz a prova pela primeira vez quando estava entrando no terceirão, mas fui muito mal. Prestei pela segunda vez quando terminei o ensino médio. Tinha 96,4 candidatos por vaga e acabei sendo aprovado em quinto lugar. Quando eu fiz a prova, além do exame de escolaridade, tinha exame médico. Como eu tinha miopia, fui reprovado. Tive que operar os dois olhos para poder entrar.
E você não pensou em desistir quando foi reprovado?
Quando saí da primeira prova, que prestei em Curitiba, vi que o pessoal de fora estudava em cursinhos específicos e eu achava que não conseguiria passar por isso. Meu pai me incentivou bastante. Ele me perguntou “o que eles têm que você não tem? Dúvidas você tira com seus professores, livros você pega na Biblioteca Pública, se precisar de apostila a gente compra”. Daí me empenhei mais ainda durante o terceirão e passei.
Você dá alguma dica para os estudantes que, assim como você quando era adolescente, não sabem que carreira seguir?
Meu sonho é voltar no colégio onde estudei, conversar com os alunos de primeiro e segundo ano e apresentar os vídeos sobre os cursos. Eu tive que encontrar tudo sozinho, ninguém me ajudou. Aqui no Sul o pessoal não tem muito acesso a este tipo de coisa e acaba perdendo oportunidades de ter carreiras bem diferentes por desconhecimento.
Quando foi aprovado para a EPCAR, o que mudou na sua vida de estudante?
Mudou muita coisa, especialmente a parte de atividades físicas. Eu era supersedentário, nunca tinha feito esporte nenhum, só passava jogando no computador. Daí cheguei lá e comecei a praticar esportes todo dia. Quando comecei a estudar lá emagreci um monte, ganhei massa. Não tinha tempo nem computador para ficar só jogando. Era outra vida, eu estudava bastante e sozinho.
Como foi quando concluiu o terceiro ano pela EPCAR?
Quando concluí, entrei direto na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga, no interior de São Paulo. Fiz o Curso de Formação de Oficiais Aviadores e me formei no dia 6 de dezembro do ano passado. A diferença para uma faculdade normal é que a carga horária é maior e me formei com duas graduações, sou bacharel em Administração e em Ciências Aeronáuticas.
Como eram as aulas de voo?
A gente nunca faz nada durante um voo que não esteja previsto na Ordem de Instrução, um documento que baliza toda a atividade aérea de instrução na Academia. Isso não quer dizer que o voo é monótono e sem exercícios. A gente faz todo tipo de acrobacias, faz voo em duas e quatro aeronaves. Somente se faz no voo solo o que já aprendeu e qualquer exercício não previsto é abominado, trazendo consequências graves para quem os realiza, podendo até resultar no desligamento da Academia da Força Aérea.
Quais as vantagens deste caminho que você seguiu?
Os dois cursos (ensino médio e graduação) foram custeados pelo Governo Federal, eu não tinha gasto nenhum e ainda ganhava um salário para estudar. Hoje, um salário de cadete do primeiro ano de graduação, por exemplo, gira em torno de R$ 800. Além disso, a gente ganha alojamento, comida, atendimento médico, de fisioterapia e odontológico.
Com a conclusão do curso, como fica sua carreira?
Me formei piloto militar, porém não tenho nenhuma especialidade, então não há como me empregar operacionalmente. Por isso, agora vou ingressar em um curso de especialização, em Natal, no Rio Grande do Norte. Inicialmente, serão dois meses no Curso de Tática Aérea. Então irei para a especialização em caças, que dura oito meses. Só depois disto é que estarei pronto para utilizar o avião como uma plataforma de combate, como um sistema de armas, e não somente para voar.
Foto: Divulgação
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