segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Lages teve mais assassinatos em 2012

Lages, 07/01/2013, Correio Lageano



No balanço de homicídios intencionais no ano passado, Lages ficou na 10º posição em SC, com quatro mortes a mais que 2011



Lages experimentou um aumento de 28% no número de homicídios em 2012. Foram 18 no total, segundo relatório emitido pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). Sem exceções, os crimes aconteceram por discussões ou motivos fúteis, sem relação com tráfico de drogas, roubos ou outro tipo de violência.



A cidade sofreu um baque em janeiro do ano passado quando uma enfermeira foi morta por um homem armado com um guidão de bicicleta. Não houve motivo aparente, e o homicida foi condenado a 11 anos prisão, além de ser considerado semi-imputável (que não compreende totalmente o crime que cometeu).



Segundo o comandante da Polícia Militar, Adilson Moreira, crimes cometidos com instrumentos contundentes, ou seja, sem arma de fogo, correspondem a 70% do total. Decorrente, segundo ele, da diminuição das armas na cidade. Já para o delegado da Polícia Civil Márcio Schutz, os crimes em Lages acontecem por brigas ou são passionais, e o homicida acaba usando o instrumento que estiver à disposição para matar.



Caso, por exemplo, de Eliseu Pimentel, que matou seu pai com pedradas. Tipo de crime que choca o sociólogo Geraldo Locks, que viu em 2012 um aumento de parricídios (filho que mata o pai). Foram dois no ano, que, para Geraldo, são decorrentes da perda de referência do que é uma família. Na prática, mudança de valores de uma sociedade que está em ‘crise’.



Um dos motivos dessa crise está na banalização da violência. Televisão e imprensa, além de retratarem o homicídio como algo comum, criam uma falsa sensação de insegurança, diz o comandante. “As pessoas sentem que tem sempre alguém atrás da porta querendo dar um tiro nelas”, afirma Adilson. Apesar disso, explica, houve apenas um roubo seguido de morte no ano passado.



Ainda assim, este caso não está contabilizado nas 18 mortes levantadas pela Secretaria de Segurança Pública. Neste caso, um empresário reagiu a um roubo e foi esfaqueado, morrendo quase um mês depois no hospital.



Justiceiros
A cultura do brasileiro em geral, conta Adilson, é de “fazer justiça com as próprias mãos”. Caso que ocorreu no bairro Morro Grande, onde quatro amigos se desentenderam, e, catalisados pelo álcool, brigaram. Dois morreram.



Segundo as polícias Civil e Militar, 95% dos homicídios são prontamente solucionados. Isso acontece por conta da característica dos crimes. Ou são passionais (envolvem relacionamento amoroso) ou são brigas momentâneas. Apenas a morte de um morador de rua ainda não foi completamente resolvida.




Indicador criminal deveria ser outro, opina delegado

Lages possui um índice de criminalidade ‘aceitável’, segundo o comandante da Polícia Militar, Adilson Moreira. Ainda assim o nível ideal seria nenhuma morte, algo difícil de acontecer, visto que o perfil do homicídio de Lages impede um trabalho preventivo local.
O que se pode fazer, explica Adilson, é trabalho de conscientização. Campanhas, como a Conte até 10, do Ministério Público, são iniciativas que ajudam a reduzir este tipo de crime, motivado por desentendimentos.




Tal perfil de homicídio, diz o delegado da Polícia Civil, Márcio Schutz, não deveria ser usado como índice para medir a criminalidade em Lages. “O que mais incomoda é o tráfico de drogas, porque é a propulsora de outros crimes, como furto, receptação e, em maiores centros, homicídios”.



Para Schutz, a cidade tem um nível bom de segurança, dada as parcas condições de desenvolvimento e o baixo poder aquisitivo. “A violência só diminui com educação e geração de emprego”, diz o delegado.

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