quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Mais de mil viram Lages mudar de prefeito

Mais de mil viram Lages mudar de prefeito
Lages, 02/01/2013, Correio Lageano, por Thomas Michel



O maior cinema de rua do Brasil ficou lotado para a cerimônia de posse de Elizeu Mattos, Toni Duarte e 19 vereadores



No hall do cinema Marrocos, Caio Marcelo dos Santos e seu colega levantaram uma faixa em meio à multidão que esperava o início da cerimônia de posse. “Agora temos respeito, Elizeu é prefeito”. A fé que o morador do bairro Vila Nova colocou em Elizeu Mattos (PMDB), traduziu-se no primeiro discurso como chefe do Executivo.



O ex-deputado estadual dizia que, normalmente, os eleitos agradecem o voto de confiança, e desta vez, ele precisava agradecer os “votos de esperança”. “Ele vai melhorar a saúde e a educação”, disse o dono da faixa.




Em Lages, as 1.012 cadeiras do Marrocos estavam lotadas. Corredores laterais e hall também estavam repletos de pessoas que queriam ver a posse dos 19 novos vereadores e, principalmente, do prefeito Elizeu Mattos.



A cerimônia começou com o vereador mais velho, Luiz Marin (PP). Ele conduziu a primeira sessão da 17ª legislatura da Câmara de Vereadores de Lages, dando posse aos seus colegas e também ao novo prefeito.



Na tribuna de honra sentou-se o vice-governador, Eduardo Pinho Moreira (PMDB), ao lado de seu correligionário Elizeu Mattos. Do outro lado, a deputada federal Carmen Zanotto (PPS) fazia companhia ao vice-prefeito e colega de partido Toni Duarte (PPS). Marin, no centro, era o único pepista, quase um símbolo da derrota de uma sigla que comandou a cidade por 12 anos, mas que hoje é minoria, na Câmara.



A chegada


O primeiro desafio de Elizeu Mattos foi chegar ao palco do Marrocos. O prefeito teve que passar por mais de uma dezena de repórteres, sendo que atendeu a todos, além dos seus colegas políticos e o povo, que queria uma palavra. Foram quase 15 minutos para atravessar uma área de pouco menos de 100 metros.



Elizeu foi recebido pelas mais de mil pessoas presentes com aplausos e gritos. Todos de pé. Terminada a cerimônia, ainda recebeu um agrado de duas meninas com menos de 10 anos, quando uma delas questionou. “Você venceu?” Sim, Elizeu havia vencido. Realizou o sonho de ser prefeito de Lages. Se a pergunta fosse ‘a cidade venceu’, Caio também responderia afirmativamente.



“O povo será o governo”, promete Elizeu


Em sua primeira entrevista como prefeito de Lages, com certeza Elizeu Mattos (PMDB) se lembrou de quando conheceu o ex-prefeito e ex-senador Dirceu Carneiro há mais de três décadas. Mas não tinha como imaginar que um dia seria ele a se sentar naquela mesma cadeira que já fora de seu padrinho político.



O novo chefe do Executivo tomou posse na tarde de ontem, prometendo mais felicidade, sustentado por 46.583 “votos de esperança” dos lageanos. Com certeza, Dirceu está orgulhoso daquele estudante de economia que agora leva a bandeira de seu partido para dentro do palácio da Benjamin Constant.




Elizeu realizou um sonho que considerava inalcançável: ser prefeito. Depois de quase 30 anos de política, iniciada sob a tutela de Dirceu Carneiro, ele passou pelos cargos de assessor na Câmara e no Senado, foi chefe de gabinete de vice-governador, secretário regional e, mais recentemente, deputado estadual.




Acompanhado de sua mulher e dos dois filhos, o novo prefeito foi ovacionado quando entrou no Cine Marrocos, onde aconteceu, também, a cerimônia da posse dos vereadores. Sentou-se ao lado de Eduardo Pinho Moreira (que já cantou uma reeleição a Elizeu), vice-governador do Estado e presidente do PMDB catarinense.


Auditoria


Elizeu está certo que a grande marca que quer deixar para Lages é o planejamento e a transparência. Vai começar o governo com uma espécie de auditoria, para saber como funciona a máquina pública municipal. Hoje, às 9 horas, ocorre a primeira reunião com o secretariado, que terá até o dia 15 de janeiro para apresentar um relatório sobre o que continua e o que muda na prefeitura. “A transição foi pífia”, avaliou o novo prefeito. A primeira quinzena do governo será com a prefeitura de portas fechadas, somente com trabalho interno, a fim de descobrir os meandros do Executivo.




Um de seus projetos mais divulgados durante a campanha, o Parque da Cidade, que já tinha até área marcada, terá que ser repensado. Elizeu descobriu que o lugar onde queria instalar seu projeto não é da prefeitura. Agora terá que procurar um novo terreno, assunto que lhe causa arrepios, dados os recentes problemas para aquisição de um local para a instalação da montadora de caminhões Sinotruk.




Uma das coisas que Elizeu descobriu durante a transição é que a prefeitura está trabalhando com déficit, ou seja, gasta mais do que arrecada. Uma avaliação mais completa da gestão Renato Nunes de Oliveira ele se nega a dar. Só depois de 15 de janeiro para emitir uma opinião.



Prefeito aposta no planejamento da cidade



Em seu discurso de posse, o novo prefeito de Lages prometeu transparência e participação ativa da comunidade no governo



Correio Lageano: Já existe um nome para a Secretaria de Planejamento?

Elizeu Mattos: Inteirinamente, vai responder o arquiteto Jorge Raineski. Nós vamos criar duas diretorias fortes: a de convênios e a de planejamento e projetos. São diretorias que vão participar do colegiado.



Qual o grande projeto que o senhor pretende realizar durante sua gestão?

Transparência. Nós vamos fazer o governo mais transparente possível.


Quando o senhor sair da prefeitura, qual vai ser a marca que Elizeu Mattos vai deixar para a cidade?

Uma cidade ordenada e planejada e com gestão.


Sobre o Parque da Cidade, o senhor já está trabalhando para conseguir o terreno?
Estou vendo um terreno, mas com a questão da Sinotruk, tudo foi para as alturas. O maior problema para o Parque da Cidade é achar a área. O lugar que eu pensei em fazer achei que era da prefeitura.



Como fica a questão da intervenção da Uniplac?

É uma questão que vou tratar lá por fevereiro ou março.



O ex-secretária do município Walter Manfrói continua até lá?

Se a intervenção continuar existindo, ela vai ser só no administrativo e financeiro, não no pedagógico. Pedagógico é de autonomia da universidade.



O senhor tem formação em economia. Quais são os desafios econômicos hoje para Lages?

Não trabalhar com déficit. Não se pode arrecadar menos do que se gasta. É a primeira coisa para o equilíbrio das contas. A informação que tenho é que a prefeitura está trabalhando com déficit. Isto é ruim.



Como o senhor avalia a gestão do prefeito Renato Nunes de Oliveira?

Daqui a quinze dias eu começo a fazer uma avaliação. Eu seria muito irresponsável de fazer uma avaliação agora. A transição foi pífia, não houve uma transição aberta. No dia 2 começam os trabalhos às 9 horas. Por 10 a 15 dias só haverá expediente interno, porque não adianta abrir a prefeitura, receber todo mundo e não saber o que temos ali. Até para conhecer a máquina pública. Tem que abrir com responsabilidade, sabendo o que estamos fazendo. Saber qual é a dívida, se tem dívida, o tamanho do comprometimento...



Pretendo, daqui a quinze dias, fazer um diagnóstico para ver como peguei a prefeitura. O que foi bom continua, o que eu não concordar, muda, mas vai ser muito transparente. Espero no dia 15, no final da tarde, estar apresentando um relatório do que a gente detectou. Se for bom, falo que está bom, se não, falo que está ruim.




Foto: Adecir  Morais

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