Lages, 19/04/2013,Correio Lageano, porSuzani Rovaris
A determinação do Estado é unir as turmas, o que provocou um impasse com alunos e professores.
A portaria 068/2010, que determina a unificação de turmas, provocou a indignação de alunos e professores da rede estadual de ensino. Nos últimos dias, eles se organizam para realizar um manifesto e reivindicam o acúmulo dentro da sala de aula.
Hoje, alunos do Colégio Industrial se reúnem na frente da instituição para um manifesto. Cerca de 300 alunos, do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do médio, estarão reunidos com faixas e cartazes. As manifestações são para chamar a atenção do Estado.
Os alunos afirmam que a maioria das turmas ficarão com 40 alunos e será impossível o andamento das aulas com esse número de pessoas. “O governo não está preocupado com a qualidade. Como dar aula e prova em uma turma com quatro fileiras de 10 alunos? O Estado não se preocupa com a educação, mas volta sua total atenção aos presídios. O sistema virou um cabide de empregos, só em uma escola há quatro diretores”, afirma a professora de Português, Maria Helena Simiano Tavares.
A aluna do Colégio Industrial e diretora social do Grêmio Estudantil, Amábile Ricardo, diz que atualmente é difícil se concentrar em uma turma com aproximadamente 30 alunos, se esse número crescer, será impossível ter aulas normais.
Para a professora de Filosofia Janete Detoffol, a lei está sendo interpretada à mercê de interesses econômicos. Na teoria, se as turmas forem unificadas sobrarão professores, desta forma, os contratados em caráter temporário (ACT) seriam dispensados. “Platão já dizia que a democracia é a pior forma de governo”, acrescenta a professora.
A aluna da Emeb Francisco Manfroi Aline Fernanda da Silva diz que escutou entre os corredores da escola que no ensino médio as salas terão que ter acima de 40 alunos, no ensino fundamental, acima de 35 e o primário, acima de 30 alunos. “Não vamos conseguir entender a matéria e os professores explicar. Haverá muito tumulto”. Em Otacílio Costa, a indignação se repete e professores da escola Elza Deeke procuraram o Ministério Público.
Anualmente a prática é realizada
Todos os anos, segundo a Gerência de Educação (Gered) de Lages, são realizadas duas unificações, uma em abril e outra em agosto. Segundo a gerente de Educação, Maria de Fátima Ogliari, a lei determina que haja um aluno por 1,6 metro de área dentro da sala. “Isso quer dizer que as turmas são compostas pelo número correspondente ao tamanho da sala”.
De acordo com ela, as unificações são realizadas em abril, porque o número de alunos matriculados na escola fica reduzido nesta época. Explica que essa redução acontece porque muitos alunos se matriculam em mais que uma escola e depois escolhem a que preferir. Neste caso, eles não aparecem nas demais.
Maria de Fátima diz que não haverá acúmulo de alunos dentro da sala de aula, mas pode acontecer de algumas ficarem com 40. “Atualmente há turmas de 15, 16, 17 alunos, essas serão unidas”. A gerente acrescenta que o mesmo acontece em agosto, quando as turmas retornam de férias.
Ela reconhece que sobrarão professores e que se for preciso, os ACTs e efetivos serão dispensados. “Todos os professores estão conscientes disso”.
Pedagoga: “não existe número certo de alunos”
A pedagoga e pró-reitora da Univali, Cássia Ferri diz que não há um número de alunos que seja perfeito para compor uma classe. Isso depende de vários fatores como infraestrutura (tamanho da sala), faixa de idade, grau de dependência desses alunos com o professor e o número de professores na turma. “Com esses aspectos é possível dizer se esta turma é grande ou não.
Fotos:Suzani Rovaris
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