Lages, 03/05/2013, Correio Lageano, por Adecir Morais
“Fui humilhado. Estou com vergonha de minha família e até dos vizinhos”
Um agente de trânsito da Prefeitura de Lages é acusado de agredir o motorista Claudinei Vitor de Oliveira, de 44 anos, morador do bairro Santa Helena. A vítima teve quatro dentes quebrados e levou oito pontos no supercílio, além de sofrer vários hematomas pelo corpo. A vítima afirma que o agressor usou um cassetete para agredi-la. O servidor estava de folga e a suspeita é que tenha usado um instrumento de trabalho na agressão.
A confusão ocorreu no início da tarde de terça-feira (30), quando Oliveira se deslocava de carro para o trabalho pela Rua Porto Alegre, no Santa Helena. Ele conta que, ao chegar no cruzamento da Rua 7 de Setembro, perto de sua casa, o veículo acabou derrapando nas pedras soltas e invadiu parte da preferencial, quase batendo no Fiat Uno, que era conduzido pelo agente.
Com o resultado da manobra, Oliveira afirma que o suposto agressor desceu do carro a passou a insultá-lo e desacatá-lo, proferindo, inclusive, ofensas raciais. “Ele se transformou. Começou a me ofender com palavras de baixo calão, como nego barbeiro, além de me agredir a socos e pontapés”, conta.
Na sequência, o agente teria apanhado um cassetete que estava no carro e desferiu vários golpes contra a vítima, além de atingi-la com uma cabeçada e uma joelhada, causando-lhe um corte profundo no supercílio e a perda de quatro dentes. “Ele estava enfurecido e, se estivesse com uma arma, tinha me matado”, lembra. Para ele, o cassetete usado na agressão é o mesmo utilizado no trabalho diário do agente.
“Fui humilhado, espancado e tratado como um bicho. Quero justiça. Estou envergonhado, estressado e não consigo nem dormir pensando no que aconteceu. Eu errei em quase ter provocado o acidente, mas nada justifica o que aconteceu”, lamenta, com lágrimas nos olhos, dizendo não lembrar se chegou a agredir o agente.
Uma testemunha que prefere não se identificar para evitar represálias, confirmou as agressões. Segundo ele, quando os dois veículos pararam, o agente de trânsito desceu do carro e passou a agredir Oliveira. “Eu vi tudo o que aconteceu. Acho que foi uma ato de covardia”, diz.
A vítima registrou um boletim de ocorrência na 3ª Delegacia de Polícia, na Área Industrial. Na quinta-feira (02) fez exame de corpo de delito no Instituto Geral de Perícias e levou o caso ao conhecimento da Secretaria Municipal de Segurança, responsável pelos agentes de trânsito de Lages.
Pai de dois filhos, a vítima mora no bairro Santa Helena há mais de 20 anos. Conhecido como “Pasteleiro”, trabalha em uma madeireira. É muito conhecido na cidade, sobretudo na esfera esportiva. Foi jogador profissional, em 1988, quando defendeu o Internacional de Lages. No ano seguinte, jogou pelo Glória de Vacaria (RS).
Servidor é afastado
O secretário municipal de Segurança, Paulo Dellajustina, informa que pediu a abertura de um processo administrativo para apurar a conduta do agente. Enquanto isso, decidiu afastá-lo temporariamente dos trabalhos externos. “Vamos apurar o caso para dar uma resposta à população”, promete.
Disse que ainda não é possível saber se o agente usou um cassetete na confusão, como alega a vítima, e nem se o instrumento pertence à prefeitura. Diz que a “recomendação é para que todos os agentes deixem seus cassetetes guardados quando estivem fora do horário de serviço”.
Foto: Adecir Morais
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