sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Pizzolato agiu rápido ao fazer seu passaporte falso em Lages

Pizzolato agiu rápido ao fazer seu passaporte falso em Lages
Lages, 08 e 09/02/2014, Correio Lageano, por Joana Costa




Um homem comum chega à Delegacia da Polícia Federal de Lages no dia 17 de janeiro de 2008. Preenche o requerimento solicitando um passaporte, apresenta documentos aparentemente originais  em nome de Celso Pizzolato e vai embora.



O procedimento demora cerca de 30 minutos e nenhum funcionário desconfia que na verdade aquele homem se chamava Henrique Pizzolato e planejava fugir do país. Foi assim que o ex-presidente de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, na época, investigado pelo mensalão, arquitetou e executou seu plano de fuga.



Ele usou os documentos do irmão Celso Pizzolato, falecido aos 24 anos, em 1979, conseguiu um passaporte falso. No dia 25 de fevereiro de 2008 o passaporte foi validado e três dias depois Henrique Pizzolato retirou o documento na delegacia da PF de Lages.




A certidão de óbito de Celso, morto num acidente em Foz do Iguaçu (PR), não foi registrada no cartório de Concórdia (SC), o que permitiu que Henrique usasse os documentos do irmão. Ele fez uma nova identidade em Florianópolis. O documento tinha o nome de Celso, mas foto e impressão digital de Henrique. Com ela foi possível fazer o CPF, título de eleitor e até votar se passando por Celso.




Henrique tinha todos os documentos necessários para fazer um passaporte. Em 2008 foi necessário apenas o preenchimento, à mão, de requerimento onde Henrique informou que morava em Urubici e trabalha no setor da construção civil e a apresentação dos documentos.




Viagens: Pizzolato não usou o passaporte falso diretamente em sua fuga para a Itália. Com o falso passaporte brasileiro, ele conseguiu um passaporte italiano em nome de Celso, com ajuda da descendência da família.




O passaporte brasileiro venceu em 2013. A única viagem feita com ele foi para a Argentina em 2008. Talvez ele quisesse testar o documento”, analisa o delegado da PF de Lages, José Elói Werner Júnior.



Os documentos em nome do irmão começaram a ser obtidos em 2007. Três meses depois de ter se tornado réu no Supremo Tribunal Federal, no processo do mensalão. Ele estava com mandado de prisão em aberto desde novembro e foi preso na Itália no último dia 5.



Brasil pede a extradição


O Ministério da Justiça iniciou o processo de pedido de extradição ao governo italiano a extradição de Henrique Pizzolat, protocolando o Supremo Tribunal Federal um aviso da abertura do processo.



O objetivo é dar ciência ao Supremo da abertura do prazo de 40 dias para que a Corte “manifeste interesse na instalação da extradição e encaminhe os documentos necessários” para formalização do pedido ao governo da Itália.




Pizzolato foi preso pela polícia Italiana na última quarta-feira, dia 4, em Maranello. Ele fugiu para a Itália em setembro do ano passado e teve o nome incluído na lista de procurados pela Interpol. Pizzolato foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 12 anos e sete meses de prisão, pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato e formação de quadrilha.



Lages foi escolhida a dedo pelo mensaleiro



O delegado Nelson Luiz Confortin Nappe, que respondia pela delegacia da Polícia Federal de Lages em 2008, acredita que Henrique Pizzolato escolheu Lages estrategicamente para obter o passaporte. “Essa é a melhor parte do plano. Ele foi arquitetado por aqui, porque Lages era a única delegacia que ainda emitia o passaporte no modelo antigo”, destaca.



Tendo documentos verdadeiros, mas com informações falsas e sem o sistema biométrico atual para retirada das impressões digitais, a fraude não foi percebida.
“Não precisava de impressões digitais, precisava da identidade. A digital da carteira de identidade era realmente da pessoa que estava requerendo o passaporte”, explica o atual delegado da Polícia Federal de Lages, José Elói Werner Júnior.



Repetição: Segundo Werner, hoje o sistema é digital, em que o requerente precisa deixar todas as suas impressões digitais. Por isso, descarta que esse tipo de fraude volte a  acontecer. “Se fosse hoje, o sistema identificaria que a digital era de Henrique e não de Celso”, explica.




Foto: Reprodução

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