segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Lages é a primeira de SC em homicídio

Lages é a primeira de SC em homicídio
Lages, 28/08/2012,Correio Lageano, por Susana Küster




Através de um mapa da violência no Brasil, Lages aparece como primeira de SC nos índices de homicídios femininos.

É a segunda vez que Lages ocupa a 17ª posição no ranking nacional de homicídios femininos. A pesquisa feita pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos analisa diversas questões, como os locais em que mais ocorrem os homicídios, a proximidade do criminoso com a vítima, entre outros. Somente os municípios com mais de 26 mil mulheres, que somam 577, foram estudados.



Em 2008, três homicídios foram registrados em Lages, em 2009, foram dois, mas em 2010, o número de homicídios saltou para 12. O segundo município catarinense a aparecer no ranking é Mafra, a terceira cidade do Estado no ranking é Criciúma, a quarta cidade é Balneário Camboriú, e o quinto é Chapecó.



Foi verificado que nos 30 anos decorridos entre 1980 e 2010 foram assassinadas no país acima de 92 mil mulheres, 43,7 mil só na última década. O número de mortes nesse período passou de 1.353 para 4.465, que representa um aumento de 230%, mais que triplicando o quantitativo de mulheres vítimas de assassinato no país.



As armas de fogo continuam sendo o principal instrumento dos homicídios, tanto femininos quanto masculinos, só que em proporção diversa.



Nos masculinos, representam quase 3/4 dos incidentes, enquanto nos femininos pouco menos da metade. Já outros meios além das armas, que exigem contato direto, como utilização de objetos cortantes, penetrantes, contundentes, sufocação etc., são mais expressivos quando se trata de violência contra a mulher, o que pode ser indicativo de maior incidência de violência passional.



Outra informação registrada na declaração de óbito é o local do incidente que originou as lesões que levaram à morte da vítima. Entre os homens, só 14,3% dos incidentes aconteceram na residência. Já entre as mulheres, essa proporção eleva-se para 41%.




Nas capitais dos Estados, os níveis são ainda mais elevados. Se a taxa média dos Estados no ano de 2010 foi de 4,4 homicídios a cada 100 mil mulheres, a taxa das capitais foi de 5,1. Florianópolis está na 25ª posição, em um ranking de 27 capitais.


Estudo mostra padrões



As maiores taxas de vitimização de mulheres concentra-se na faixa dos 15 aos 29 anos de idade, com preponderância para o intervalo de 20 a 29 anos, que é o que mais cresceu na década analisada. Por sua vez, nas idades acima dos 30 anos a tendência foi de queda.
Em pouco menos da metade dos casos, quem comete o homicídio é o parceiro ou ex-parceiro da mulher. No país, foi possível verificar que 42,5% do total de agressões contra a mulher enquadram-se nessa situação.



Na faixa dos 20 aos 49 anos, acima de 65% das agressões tiveram autoria do parceiro ou do ex. Entre os 84 países do mundo que o estudo conseguiu dados a partir do sistema de estatísticas da OMS, o Brasil, com sua taxa de 4,4 homicídios para cada 100 mil mulheres ocupa a 7ª colocação, como um dos países de elevados níveis de homicídio feminino.


Também são definidas as causas


O estudo afirma que os altos níveis de homicídio feminino, frequentemente vão acompanhados de elevados níveis de tolerância da violência contra as mulheres e, em alguns casos, são o resultado de dita tolerância.



“Os mecanismos pela qual essa tolerância atua em nosso meio podem ser variados, mas um prepondera: culpabilização da vítima como justificativa dessa forma de violência, foi a estuprada quem provocou o incidente, ou ela se vestia como “vadia”. Nesse processo, o adolescente vira marginal, delinquente, drogado, traficante. A própria existência de leis ou mecanismos específicos de proteção: estatutos da criança, adolescente, idoso; Lei Maria da Penha, ações afirmativas, etc”, levanta o estudo.



O estudo afirma que no ano seguinte à promulgação da Lei Maria da Penha, em setembro de 2006, tanto o número quanto as taxas de homicídio de mulheres apresentou uma visível queda, já a partir de 2008 a espiral de violência retoma osLages é a primeira cidade do Estado patamares anteriores. “Indicando claramente que nossas políticas ainda são insuficientes para reverter a situação”.


Foto: Susana Küster

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