sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Cidade admirada a partir de detalhes da arquitetura

Cidade admirada a partir de detalhes da arquitetura
Lages, 12 e 13/01/2013, Correio Lageano, por Suzani Rovaris


O hábito de observar a cidade não é comum para as pessoas nativas, que já têm a visão acostumada com a paisagem



O vai e vem da população e a preocupação com o relógio tem cegado as pessoas para a riqueza dos detalhes arquitetônicos de casas e edifícios centenários de Lages. A fachada de um prédio antigo e os desenhos em relevo de um muro são exemplos que passam despercebidos pelas pessoas mergulhadas no cotidiano.



Parar no meio de uma caminhada e observar é um hábito pouco comum das pessoas. Raro os turistas e aqueles com olhar um pouco mais aguçado conseguem perceber a diversidade de traços e cores.



Monumentos como a Catedral Diocesana, com estilo predominantemente gótico e inspirada nas torres piramidais multifacetadas da monumental Catedral de Magdeburg, na Alemanha, está entre as construções que compõem os elementos urbanos de Lages.



O Centro possui uma variedade desses elementos. Caminhando pelas principais ruas pode-se encontrar obras primas a poucos metros das cabeças que passam distraídas. Na rua Benjamin Constant, próximo à Catedral, podemos encontrar o Museu Thiago de Castro, com desenhos no topo do prédio.



Na praça João Ribeiro, duas casas se destacam pelas cores vibrantes e pelos desenhos de triângulos e flores em alto relevo nas fachadas, principalmente nas janelas e teto. Depois, descemos até o início da rua Correia Pinto e encontramos uma casa com cores neutras e escuras e que se destaca em toda a sua fachada com formas geométricas.



Outro símbolo histórico do município é a Cacimba da Santa Cruz que serviu como fonte abastecedora de água potável para o consumo dos tropeiros e viajantes. Nos pequenos desenhos do monumento pode-se observar uma estrela e um peixe bastante desgastados pelo tempo.



Essas e outras construções não estão óbvias aos olhos e perderam espaço para a arquitetura moderna, com prédios altos, retos e lisos. Uma escassez de detalhes e excesso de vidros.



Grande parte das pessoas que param para observar esses detalhes urbanos, estão ligados de alguma maneira com a arte. Para a arquiteta e urbanista Aliana Branco, a cidade é o encontro do velho com o novo convivendo em harmonia. “O antigo se perde ao novo, pois não é visível e nem conservado. Os colégios Vidal Ramos e o Aristiliano, são cartões de visita de Lages, mas estão se destruindo. O tempo não para e as autoridades não tomam uma atitude. Então nos acostumamos com essa poluição visual”, completa a arquiteta.


Clicar o melhor ângulo


O fotógrafo Alessandro Castilhos comenta a importância da observação. “Nos dias atuais é difícil encontrar pessoas que não estejam preocupadas com seus compromissos, trabalho, família entre outros. Por esse motivo na maioria das situações, elas não olham por onde andam.



O fotógrafo Nilton Wolff estuda o ambiente a ser clicado. “Os detalhes são os melhores ingredientes para um boa fotografia. Principalmente  quando este detalhe se identifica com o objetivo”.



Para o fotógrafo Gugu Garcia, a arquitetura cultural é um patrimônio público e precisa ser preservada. “Uma obra construída a partir de detalhes faz uma grande diferença. É nessa diferença que buscamos os melhores cliques”, conclui.



Fotos: Suzani Rovaris

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