terça-feira, 2 de julho de 2013

Caminhoneiros param e 116 segue aberta

Caminhoneiros param e 116 segue aberta
Lages, 03/07/2013, Correio Lageano, por Afonso Rodrigues



Categoria apoia o movimento nacional, mas em Lages os motoristas paralisaram e permitiram que o tráfego fluísse na rodovia.



Realizado em Lages e em outros Estados do país, os caminhoneiros promovem uma série de mobilizações para reivindicar melhorias nas condições de trabalho e redução de custos no transporte de cargas. Em Lages, o protesto – que foi pacífico e não causou tumulto nas rodovias – aconteceu no posto Ampessan, próximo ao encontro das BR-116 e BR-282, até por volta das 18 horas.



Segundo um dos representantes dos caminhoneiros, Hebert Wilhelm, de 44 anos, a mobilização quer chamar a atenção para os problemas enfrentados pela classe, entre eles o alto custo dos combustíveis e o baixo repasse nos valores dos fretes.



“Ninguém mais está conseguindo pagar as contas. A frota brasileira está sucateada. Transportar uma carga para Salvador, por exemplo, custa quase R$ 6 mil de óleo diesel e mais R$ 1 mil só com pedágio. As vezes não sobra nem R$ 300 para o caminhoneiro”, disse, Wilhelm, há 23 anos na profissão.



De acordo com os manifestantes, que representam o Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), com o custo do transporte cada vez mais elevado, faltam condições para o caminhoneiro trabalhar de forma digna.




A polícia Rodoviária Federal e a Auto Pista Planalto-Sul, concessionária da BR-116, acompanharam o protesto. O chefe da delegacia da PRF de Lages, João José Blomer, disse que o objetivo da corporação é evitar problemas, como o trancamento da pista.
“Estamos aqui para que seja cumprida a determinação de não bloquear a pista. Estamos preparados para atuar onde for necessário. Quem quer seguir viagem, tem todo o direito”, afirmou.



Segundo a coordenadoria local do MUBC, hoje será realizado novo protesto no mesmo local. Estradeiros que ficaram retidos no posto declararam ser favoráveis à manifestação. Conforme João Antunes, caminhoneiro há 27 anos, as reivindicações são necessárias. “É importante haver a mobilização. O frete e o diesel estão muito caros. Desta forma que foi feito é melhor, porque não impede que o motorista prossiga viagem”, declarou.




Eduardo Gonçalves, 18 anos de profissão, também apoia, porém de forma mais radical. “A mobilização está devagar. O certo seria parar tudo”, afirmou.



Reivindicações feitas pela categoria, em nível nacional



• Subsídio no preço do óleo diesel;
• Isenção para caminhões do pagamento de pedágios em todas as rodovias do país;
• Criação da Secretaria do Transporte Rodoviário de Cargas, vinculada diretamente à Presidência da República, nos mesmos moldes das atuais Secretarias dos Trabalhadores e das Micro e Pequenas Empresas;
• Votação e sanção imediata do projeto de lei que aprimora a Lei 12619/12;
• Melhorias nas condições das rodovias.



Pauta com múltiplas propostas


Entre as demandas que são batalhadas pela categoria, destacam-se a melhoria nas estradas, fim da chamada “indústria da multa”, subsídio no preço do óleo diesel e criação da Secretaria Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas.



Essas medidas, segundo a categoria, trariam melhorias para o transporte e baratearia o custo das operações, diminuindo o preço dos alimentos e promovendo espaços mais democráticos para a  reivindicação de demandas da categoria.



Outra proposta é a votação do projeto de Lei 12619/12, a chamada Lei do Motorista, que segundo o MUBC, define soluções para questões como a concorrência desleal promovida por transportadoras ilegais e a implantação do cartão frete, o Código de Identificação da Operação de Transporte, que é a nova forma de pagamento dos fretes.



Juíza proíbe parar as BRs


Munidos de cópia da liminar concedida pela juíza Cynthia Leite Marques, da justiça federal do Rio de Janeiro, que proibia que as manifestações interrompessem o tráfego nas vias federais, os mobilizadores da iniciativa retinham os caminhões que passavam pela BR-116.




A ideia era, através do diálogo, conscientizar os caminhoneiros sobre as reivindicações propostas e, mesmo que sem poder bloquear o trânsito, fazer serem ouvidos pelos colegas.



Os carros de passeio, além de ônibus e demais veículos, não eram convidados a permanecer na concentração à margem da rodovia.  “Aqui só estamos conscientizando o pessoal. Não vamos trancar a rodovia”, reforçou Miguel Delfes, filho de caminhoneiro e que trabalhador da estrada há mais de 25 anos.




Segundo Delfes, é muito fácil a juíza apresentar uma liminar sem ter conhecimento da causa das reivindicações ou mesmo deixando de consultar as demandas dos motoristas.


Fotos: Afonso Rodrigues

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