Rio Grande do Sul, 06/02/2014 A Semana
A Justiça Federal no Rio Grande do Sul recebeu ontem uma
ação aberta pela Defensoria Pública da União (DPU) que poderá estender a
todos os trabalhadores o direito à correção do saldo do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pela inflação. A ação pede que a
Caixa Econômica Federal seja condenada a recalcular os depósitos feitos a
partir de 1999 com índice que reflita o aumento dos preços e não a
correção padrão de 3% ao ano mais TR, aplicada desde então.
No primeiro despacho após receber a ação, o juiz Bruno Brum Ribas, da
4.ª Vara Federal de Porto Alegre (RS), decidiu que as decisões
proferidas ao longo do processo terão validade para todo o país. “Os
titulares de conta vinculada do trabalhador no FGTS possuem idêntico
vínculo jurídico com a parte adversária, sendo que a lesão alegada na
ação é a mesma e reclama decisão uniforme para todo o país, não se
podendo conceber que parte dos titulares de contas tenha direito à
substituição do índice de correção e outros não”, escreveu na decisão.
Isso significa que, se a ação levar à condenação da Caixa, todas as
contas do FGTS terão seus saldos recalculados. Não há prazo para a
decisão do mérito e é provável que o processo precise ser avaliado pelos
tribunais superiores.
Na ação, os defensores públicos Fernanda Hahn e Átila Ribeiro Dias
defendem que a necessidade de correção monetária é estabelecida por lei.
Os autores afirmam que a ausência de uma taxa de atualização que se
mostre capaz de manter o poder de compra da moeda seria uma “nítida
afronta”.
Decisões
A ação da DPU é um passo importante para que se crie uma padronização
nas decisões judiciais sobre a correção do FGTS. Até agora, as
sentenças da Justiça eram pontuais, para decidir os casos apenas de quem
havia ingressado com ações. As decisões favoráveis aos contribuintes
ainda em primeira instância determinavam a correção por um índice de
inflação, como o IPCA (o oficial), maior que a TR (Taxa Referencial),
usada na composição do reajuste atual. O índice escolhido é somado à
remuneração anual mínima de 3% garantida pelo fundo.
Pelo menos cinco ações judiciais que reivindicam que o FGTS tenha
retorno superior ao atual conseguiram recentemente sentenças em primeira
instância favoráveis aos trabalhadores.
A Caixa, gestora do FGTS, disse que vai recorrer.
Segundo o banco, essas decisões são apenas casos isolados. Henrique
José Santana, gerente nacional do FGTS, afirma que mais de 40% das
29.350 ações movidas nos últimos anos contra a Caixa nessa questão foram
julgadas favoráveis ao fundo. O restante ainda tramita na Justiça. O
custo para fazer a correção, segundo o banco, seria de R$ 160 bilhões.
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