sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

R$ 15 milhões a mais no comércio de Lages

R$ 15 milhões a mais no comércio de Lages
Lages, 28/12/2012,Correio Lageano


Com o reajuste de R$ 56 no salário mínimo, os 30 mil lageanos que recebem o benefício devem gastar principalmente no varejo



A cada cinco lageanos, um ganha o salário mínimo ou menos. Este segmento será o maior beneficiado com o reajuste de 9% ratificado pelo governo federal e que passa a valer em janeiro. Para a economia da cidade, isso significa cerca de R$ 15 milhões injetados principalmente no varejo ano que vem.



São R$ 56 a mais no orçamento. Um valor considerado tão baixo pelo economista Pedro Moreira Filho que não serve nem para economizar. “As pessoas vão comer algo diferente, comprar produtos melhores”, explicando que praticamente todo o aumento será direcionado ao consumo. Na prática, quem ganha salário mínimo pode ‘refinar’ um pouco mais seus gastos: comer um pouco mais de carne, trocar a compra da mortadela pelo presunto ou adquirir parceladamente um liquidificador.



Para Lages, o aumento do salário mínimo é mais significante. Segundo o IBGE, 27% da população ganha menos de R$ 622. Em um comparativo, Chapecó tem 18% nessas condições e Criciúma 14%. Pedro Moreira explica que a cidade ainda vive em uma situação de muita pobreza, o que impede grande parcela dos lageanos de comprar bens mais sofisticados. Para chegar a tal patamar, o Dieese recomenda como salário mínimo ‘necessário’ R$ 2.617,33.



Para melhorar a renda, mais que aumentar o salário, o ideal é gerar condições de empregabilidade, explica Pedro. “Se ao invés de só o pai trabalhar, a mulher e o filho também estarem empregados, isso aumenta muito mais a renda”. Em Lages, mais da metade da população vive em casas onde a renda per capita está abaixo de um salário mínimo. Ou seja, os R$ 622 precisam ser suficientes para manter mais de uma pessoa durante um mês.



O secretário de emprego e renda de Lages, Luiz Pfleger, explica que hoje apenas microempresas, poder público e previdência social pagam somente o salário mínimo na cidade. O aumento, ressalta ele, é irreal, serve praticamente só para compensar as perdas da inflação em 2012. O aumento real foi de 2,7%.



Quem ganha acima disso dificilmente recebe reajustes nos vencimentos acima dos 9% concedidos para o salário mínimo. Segundo Pedro Moreira Filho, as negociações sindicais definem os aumentos e, para 2013, dificilmente ultrapassarão 7%. “Geralmente pensionista reclama que tinha se aposentado com dez salários mínimos e agora recebe cinco, mas o governo não consegue agradar todo mundo”, explica o economista. O novo salário mínimo pode significar cerca de R$ 1 milhão de aumento no consumo.



Com o aumento dá para poupar?



Segundo o secretário de emprego e renda, Luiz Pfleger, não existe como poupar com o aumento de R$ 56 no salário mínimo. Isso porque para satisfazer as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas é necessário ao menos três salários mínimos. Só quem ganha mais do que isso tem dinheiro suficiente para poupar ou investir.



No começo do Plano Real, o salário mínimo era de R$ 64,79. Se fosse reajustado somente pela inflação, estaria em R$ 278,11, ou seja, houve um aumento no poder de compra de 143%. Os R$ 678 aprovados em 2013 é pouco mais que o salário mínimo ideal levantado pelo Dieese para Agosto de 1994.



  • Em Lages 51% dos domicílios vivem com menos de 1 salário mínimo per capita. Em Chapecó, esse número é de 36%, já em Criciúma, de 34%
  • Segundo o Dieese, hoje, o salário ideal seria de R$ 2.617,33
  • Por conta da inflação, o aumento real no novo salário não foi de R$ 54, mas de R$ 16



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