quinta-feira, 11 de julho de 2013

Produtores de leite perdem o comprador

Produtores de leite perdem o comprador
Lages, 12/07/2013, Correio Lageano, por Afonso Rodrigues


Lactoplasa/Chocoleite suspende a adquisição alegando inviabilidade



Produtores de leite da região queixam-se que empresa do setor leiteiro da Serra deixou de receber leite de 32 produtores de Anita Garibaldi, Cerro Negro, Capão Alto e Campo Belo do Sul. Segundo eles, o produto deixou de ser recebido pela Lactoplasa/Chocoleite desde quarta-feira passada.



De acordo com o freteiro Luiz Diego dos Santos, que fazia o transporte do leite entre as cidades e a empresa, na terça-feira, dia 9, a Lactoplasa/Chocoleite informou que deixaria de receber o produto, alegando inviabilidade técnica. Além do prejuízo com a quebra de contrato, Santos afirma ter investido mais de R$ 50 mil em caminhão e tanque para o transporte.



“Na média, transportava 70 mil litros por mês. Sou freteiro e tenho cadastro como pessoa jurídica”, comentou. Segundo ele, será necessário buscar outra empresa para que seja possível entregar o produto já foi coletado, antes que se estrague. “Havia dois anos que eu fazia esse serviço para eles. Como o leite é perecível e pode estragar rapidamente, tenho esse compromisso com os produtores, porque era eu que pegava o leite aqui”, afirma.



O freteiro afirma que houve quebra de contrato entre a empresa e ele, mas o prejuízo deverá ser maior para as famílias, que deixarão de comercializar o produto. “Há contrato de trabalho firmado entre nós, da mesma forma que um funcionário normal. Porém, não avisaram 30 dias antes que não queriam mais. Simplesmente me chamaram numa sala e falaram que não queriam mais o serviço, nem o leite. Tenho esse contrato que não foi cumprido”, alega, indignado.



Empresa afirma que o produtor não fica na mão


Segundo o diretor da unidade da Lactoplasa, Adriano Rodrigues, os produtores foram comunicados de que haveria a interrupção do recebimento, pois não era mais viável economicamente para a empresa receber o produto.



“Foram avisados e certamente não ficarão na mão, pois existem outras duas ou três linhas de empresas que recolhem e passam pela região. É uma relação comercial. A Chocoleite não tem contrato com nenhum desses produtores. O que existe é o livre comércio”, comentou.



Sobre o freteiro, que teria tido prejuízo, Rodrigues comenta que o contrato não teria relação com o caminhão e o tanque adquirido.“O contrato não tem nada a ver com o caminhão. Contratamos o serviço. Houve quebra de contrato, mas foi feito o aviso. Tudo foi feito corretamente. Somos uma empresa séria e não temos motivo para ficar lesando o produtor”, argumentou.



Preço está bom para o produtor, diz especialista


Segundo avaliação de especialistas, o atual momento é positivo para o setor leiteiro na região. É o que afirma o engenheiro agrônomo da Epagri, especialista na cadeia produtiva leiteira, Humberto Silveira de Souza. “O preço do leite está bom para o produtor, mas temos que ver que nessa época diminui muito a produção, até porque existe pouca pastagem e o clima é muito adverso”, comentou.



Segundo Silveira, é preciso que haja investimento na cadeia produtiva para que o produtor tenha mais lucro. “O que falta muitas vezes é um trabalho técnico junto aos produtores para que se tenha assistência à linha de leite. Tem que trabalho junto aos produtores, diminuindo custos, para que a linha volte a ser viável, com volume de leite um pouco maior”, disse.



Produtor se sente lesado


Os produtores que se sentiram lesados com a situação reuniram-se na propriedade de José Matos, que produz leite em Anita Garibaldi. De acordo com o produtor, cerca de 300 litros de leite por dia  eram retirados do rebanho de 26 vacas da propriedade. “Sempre vendi para a mesma empresa, mesmo depois que foi vendida. Nunca dificultaram. Agora, simplesmente abandonaram”, disse o produtor leiteiro de 53 anos. Sozinho, o agricultor terá que procurar uma alternativa para escoar a produção.

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