sábado, 2 de março de 2013

Problemas antigos da saúde ainda incomodam comunidade



Problemas antigos da saúde ainda incomodam comunidade
Lages, 02 e 03/03/2013, Correio Lageano, por Susana Küster


Secretária de Saúde afirma que gostaria de resolver rapidamente todos entraves do setor em Lages



A comunidade enfrenta,  sempre que precisa marcar consultas, calor ou chuva além das longas filas nos postos de saúde, principalmente nos bairros mais populosos. A espera, muitas vezes, não obtém sucesso, pois a quantidade de fichas é insuficiente para a demanda.



A falta de médicos especialistas, de medicamentos básicos na farmácia denominada como básica e, a demora para marcação de exames, também virou rotina em Lages. Para as mulheres que precisam fazer mamografia, a espera é de pelo menos seis meses. Os problemas são antigos e a administração que assumiu em janeiro diz que irá resolvê-los na medida do possível.



A falta de medicamentos na farmácia básica este ano ocorre porque não foi feita licitação em tempo hábil para a compra dos remédios pela administração anterior. Essa é a justificativa da secretária de Saúde, Cristina Subtil, para as frequentes reclamações da comunidade, que espera até por duas horas na fila e, às vezes, quando é atendida descobre que o remédio está em falta e o pior, que não tem previsão de chegar.



A dona de casa Rosalva da Rosa, 44 anos, enfrentou uma hora e meia de fila e quando foi atendida se surpreendeu com a quantidade de nãos que recebeu da atendente da farmácia. “Vim com uma receita com dez remédios e consegui apenas quatro”, lamenta.



A secretária de Saúde, que também é médica, avaliou o nome dos medicamentos anotados pela reportagem do jornal e afirma que alguns têm o mesmo efeito, ou seja, nem todos precisavam ser tomados pela paciente. “Ou o médico que a atendeu foi negligente ou ela está acumulando medicamentos. Criaremos um controle maior para liberar essas medicações”, afirma.



Mesmo com alguns remédios semelhantes em seus efeitos que não estavam disponíveis na farmácia, Rosalva diz que há três semanas tenta encontrar o remédio Livotiroxina (para regular tireóide), na farmácia básica. “Ele é caro, eu já estou devendo R$ 150,00 na farmácia, agora vou ter que comprar mais esse e o Metformina da diabetes, que nunca tem aqui”, desabafa.



O marido dela tem um emprego temporário. Os dois filhos trabalham, mas com remunerações baixas. “Meu filho mais novo usa o salário para comprar uniforme e material do colégio. O mais velho ajuda em casa, mas também ganha pouco”, lastima.



Paciente afirma ter sido expulsa do Pronto Atendimento



A dona de casa Raquel Amaral Correa procurou a redação do Correio Lageano afirmando que foi expulsa do Pronto Atendimento Municipal (PAM), na tarde de quinta-feira (28). Ela estava acompanhando sua mãe desde às 11h30min e disse que teve que sair por volta das 15h30min. “Acho que isso é um absurdo, temos direito de acompanhar, não é uma lei?”, questiona.



A gerente de enfermagem do PAM, Tatiana Longhi Vieira, foi informada sobre o caso e disse que foi uma falha de comunicação. “Há horários de visitas paras os pacientes que ficam mais tempo aguardando leito, pedimos para essas pessoas se retirarem, ela entendeu errado”, explica.



Tatiana frisa que pacientes acima de 60 anos ou menores de 18 anos, dependentes físicos, doentes neurológicos, entre outros casos, podem ter acompanhante o tempo que for necessário durante o atendimento.



Mudanças no trabalho das agentes de saúde



Novas agentes estão sendo contratadas para trabalhar nas áreas que não são cobertas nos bairros. “Uma gerente está sendo capacitada para as agentes serem mais treinadas para a função”, diz.



Um exemplo disso é que elas não tem bota de borracha e nem equipamento de Equipamento de Proteção Individual (EPI). “Aí quando chove, elas não fazem visita. A fiscalização hoje é feita na unidade de saúde, mas há muitas queixas e a gerente agora é responsável por esse trabalho”.



Sobre a possibilidade de um concurso público, a secretária diz que não há nenhum programado para a função. “A agente precisa morar no bairro que trabalha, por isso as últimas foram contratadas através de processo seletivo”, diz.



No Bela Vista, posto está sem acessibilidade


As obras do posto de saúde do bairro Bela Vista não possuem uma escada nem rampa para acessibilidade. O bairro possui 708 habitantes de acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010.



Mas é possível que o número seja bem maior, pois o condomínio residencial Valentim Lisboa Anacleto (Tozzo), levou para o bairro mais 240 famílias. De acordo com a secretária de Saúde, Cristina Subtil, não há previsão para inaugurar o posto. “Não tem prazo porque estamos cuidando dos problemas emergenciais nos outros postos. Lá no posto do Caça e Tiro, quando chove, entra barro dentro”.



A secretária diz que está conversando com a arquiteta responsável para adequar a estrutura do posto do Bela Vista e também a unidade do Centro, onde falta a colocação do forro.




Falta de especialistas será resolvida em breve

Atualmente não há disponibilidade de médico neurologista e cirurgião vascular. Mas, na semana que vem haverá neurologistas disponíveis e possivelmente, de acordo com a Secretaria de Saúde, em breve um médico angiologista também trabalhará pelo Sistema Único de Saúde (SUS).



A secretária Cristina Subtil acredita que a falta de médicos especialistas já foi pior em Lages. “Já conseguimos um gastroenterologista e oftalmologista”, conta.
Ela anuncia que daqui a 15 dias um mutirão para cirurgia de catarata deverá ser realizado. “São 340 pessoas que aguardam na fila”, completa.



Outro ponto que a secretária diz que está fazendo o possível para melhorar é a distribuição de senhas. “Através de reuniões nas unidades de saúde, estou vendo com a comunidade qual é a melhor forma da distribuição de senhas nos postos”, comenta.
Ela diz que no bairro São Carlos, ficou admirada, porque as pessoas vão para a fila de madrugada sem necessidade. “A demanda é pequena, não sei porque eles fazem isso”, diz.



No bairro Santa Helena, ela diz que foi dobrada a quantidade de fichas. “Há também a necessidade de mais uma equipe ou a construção de mais uma unidade”, completa.





Serviços dos hospitais foram ampliados

A Secretaria de Saúde possui equipamento de raio-X e um mamógrafo, cedidos pelo Hospital Tereza Ramos.



Porém, não há um digitalizador de imagens e a sala precisa passar por adequações para fazer exames de raio-X. “Fizemos licitação, enquanto isso, ampliamos a cota de exames do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres e Hospital Teresa Ramos”, diz a secretária de Saúde, Cristina Subtil.



Ela frisa que 1.150 raios-X são feitos por mês no HTR, mas diz que em média um terço dos pacientes não têm ido fazer o exame. “São várias pessoas na fila e ao mesmo tempo elas não vão. Deve ser porque desistiram e procuram serviço particular ou porque houve melhora no estado clínico ou não precisavam do exame, afinal casos emergenciais são feitos na hora”, observa.



Em relação ao exame de mamografia, foi comprado serviço da Diagmed para serem feitas 15 por dia. “Enquanto não se resolvem esses problemas, ampliamos a cota no HTR e no Hospital Nossa Senhora dos Prazeres”.




Obras de posto continuam paradas

As obras do posto do Coral, que também abrange os bairros Caravaggio, Santa Maria, Ponte Grande e Jardim Cepar, estão paradas há pelo menos quatro meses.



A secretária de Saúde diz que a obra está parada porque a administração anterior não pagou o projeto para a empresa.



“Não temos como cumprir nossos prazos, se eles não fizeram o pagamento. É bom deixar claro que a unidade do posto está atendendo normalmente, funcionando ao lado da obra da nova unidade”, disse em entrevista concedida ao Correio Lageano, publicada nos dias 26 e 27 de janeiro.




Alguns medicamentos nunca estarão disponíveis

Há medicamentos que não são disponibilizados na Farmácia Básica porque existe a rede Farmácia Popular do Brasil, desde 2004.



O cidadão brasileiro pode comprar medicamentos a preço de custo nas farmácias populares, que possuem 529 unidades espalhadas por 410 municípios.



O projeto Farmácia Popular foi criado para ampliar o acesso dos brasileiros a medicamentos essenciais, como analgésicos, antihipertensivos e remédios de controle para diabetes, colesterol, entre outros. Ao todo, existem mais de 107 itens oferecidos ao cidadão a baixo custo.



A lista dos medicamentos está disponível no site www.brasil.gov.br/sobre/saude/medicamentos/farmacia-popular.




Prefeito disse que acabaria com as filas em 30 dias

Durante a campanha para a Prefeitura de Lages, o então candidato Elizeu Mattos disse que em 30 dias, a marcação de exames, as filas nos postos de saúde, e a falta de medicamentos na farmácia básica seriam resolvidos. Nesse final de semana, faz dois meses que a atual administração está no Poder Executivo, mas todos esses problemas ainda existem.



A secretária de Saúde, Cristina Subtil, afirma que a forma de se expressar do prefeito gerou interpretações dúbias. “No calor da discussão, ele disse isso, mas não foi o que ele quis dizer. Ele pensou que em 30 dias ele ficaria a par dos problemas, para em 60 dias resolvê-los”.



Por isso, segundo ela, o empenho é grande para resolver os entraves que irritam a comunidade, pois o acesso à saúde é um direito de todos, assegurado pela Constituição Federal. “Queria ter dinheiro para resolver todos os problemas de uma vez”, finaliza.



Fotos:Susana Küster

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