Lages, 23/04/2013, Correio Lageano, por Susana Küster
Em assembleia em frente à Catedral, 80% dos 500 servidores decidiram interromper o movimento.
Talvez a greve mais rápida da história de Lages tenha acontecido ontem. Às 13 horas, os servidores municipais pararam e às 13h30min decidiram acabar com a greve. Pelo menos 80% das 500 pessoas que estavam no Largo da Catedral, definiram acabar com a paralisação, depois que o abono, que era de R$ 122 passou para R$ 130,00 concedido pelo prefeito Elizeu Mattos. Atualmente, o município possui 4.600 servidores.
O clima da assembleia foi tenso. Faixas com dizeres contrários se mesclavam com gritos de euforia e raiva. Em algumas janelas da prefeitura, funcionários acompanhavam a manifestação que lotou o largo da igreja.
Depois que foi aceito o abono e o fim da greve, alguns servidores com opiniões contrárias começaram a discutir e não foi visto nenhum policial nas proximidades. Somente um agente de trânsito controlava o tráfego na rua Benjamin Constant, que passa em frente à Catedral.
Pelo acordo, a partir de junho, o abono de R$ 130,00 vai ser pago aos servidores efetivos, inativos, de caráter temporário e pensionistas, exceto aos que ocupam cargo por tempo indeterminado, mas sem interrupção.
Uma carta do prefeito dizia isso e apontava que a mudança adota uma política justa na tentativa de preservar o valor aquisitivo da moeda e recompor as perdas ocasionadas pelo processo inflacionário aos servidores com menor remuneração, na tentativa de aproximá-los ao piso regional de salário.
Depois que a proposta do prefeito foi lida ao público, o presidente do sindicato, Luiz Carlos Reis, deixou claro que a entidade é do servidor e não está do lado A ou B.
A votação neste momento iniciou e 80% das pessoas que estavam no local ergueram a mão e gritaram pelo fim da greve.
Algumas pessoas saíram cabisbaixas, outras discutiram a ponto de precisarem ser separadas, mas no fim, houve uma aceitação do que foi definido pela maioria.
Sindiserv explica diferença de opinião nas assembleias
O presidente do Sindicato dos Servidores (Sindiserv), Luiz Carlos Reis, explica que na última assembleia da categoria 70% foram a favor da greve e, ontem, o índice praticamente inverteu, ficando em 80% a favor do abono.
Ele explica que a diferença entre os valores aconteceu porque na assembleia anterior, a maioria dos que eram favoráveis ao abono não compareceram. “Aí, depois desta decisão, muitos foram até o sindicato dizendo que aceitavam o abono, por isso, decidimos fazer outra assembleia, afinal a lei permite”. Reis lamenta que nem todos tenham ficado contente com a decisão sobre o abono, mas lembra que o sindicato representa a maioria.
Abono salarial será permanente
Como é abono, a porcentagem de aumento varia do menor ao maior salário. Na faixa dos R$ 6 mil, esse percentual fica em 1,16%, “mas os vencimentos da menor remuneração é de R$ 678,00, aí sobe muito”, explica o secretário de Administração, Pedro Marcos Ortiz.
Não tem prazo para o abono ser incorporado à folha, mas ele afirma que o valor não será retirado.
Não tem prazo para o abono ser incorporado à folha, mas ele afirma que o valor não será retirado.
O secretário diz que mesmo com a queda de arrecadação nos primeiros meses deste ano na prefeitura, se buscou solução para elevar os salários dos servidores. O valor do abono não altera o preço do vale-alimentação de cada servidor. “Esta semana estaremos enviando à Câmara a lei que permitirá o pagamento do abono”, enfatiza. A expectativa é de os vereadores apoiem o projeto de lei. “É uma política de aproximar o piso municipal do piso regional que é R$ 875,00”.
Dentro das limitações orçamentárias e as regras da Lei de Responsabilidade Fiscal, “o abono foi a solução que encontramos, inclusive para diminuir a grande diferença entre quem ganha mais e quem ganha menos na prefeitura”, finaliza.
Fotos: Susana Küster
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