quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Dia 18 de fevereiro, a Ponte Grande nasce

Dia 18 de fevereiro, a Ponte Grande nasce
Lages, 24/01/2013, Correio Lageano


Ponte Grande é nome de rio, mas sinônimo de uma obra gigante que envolve famílias, dinheiro e esperança de progresso



Vime, pinus, mamonas, prédios e gente devem dar lugar a maior avenida de Lages. A Ponte Grande, que faz parte de um projeto de R$ 57 milhões e prevê, além do asfalto, esgotamento sanitário e readequação do rio que dá nome ao logradouro. Até fim de março, o canteiro de obras precisa estar pronto e passar por medição, caso contrário, a região continuará com as mesmas  plantas, edifícios e pessoas que lá vivem.



Na quarta-feira (23) a prefeitura se reuniu com a Caixa Econômica para o último passo antes da ordem de serviço. Este documento será entregue às empresas no dia 18 de fevereiro. Isso acontece quase três anos após o projeto ser aprovado pelo Programa de Aceleração de Crescimento.



O secretário interino de Planejamento, Jorge Raineski, diz que a primeira vez que se pensou em construir a avenida foi há três décadas. Na prática, uma ligação rodoviária entre os 13 bairros do leste da cidade. Foi a primeira vez que se tentou fazer um planejamento futuro: um Plano Diretor. As margens do rio Ponte Grande foram reservadas para esta construção.



Quem não tinha dinheiro para comprar um terreno, construiu irregularmente as áreas reservadas para a avenida. Isso, porém, não é regra para todos. Em vários pontos, as edificações são legais, autorizadas pelo poder municipal. No total, 147 são irregulares e estas famílias serão remanejadas para um loteamento ainda a definir.



O leito do rio será retificado em vários pontos, e haverá intervenção nas margens para conter as cheias do Ponte Grande. A avenida em si terá duas pistas de 3,30 metros cada, uma outra de 3,50 metros,  uma ciclovia com 4 metros e calçadas de 2 metros. Isso se repete em cada lado do curso d’água.



Ao contrário da avenida Belizário Ramos, a via não ficará junto ao leito do rio. Há um espaço, variável, entre a pista e as margens. Em alguns lugares essa folga é tão grande, que futuramente podem ser construídos parques. Raineski diz que isso não está no projeto, mas é uma possibilidade plausível.



Sem loteamento, obra começa por lugares ermos


Os vimes e as árvores serão os primeiros afetados pelas obras da Ponte Grande. Os moradores continuam em suas casas até o loteamento ficar pronto. Esse é o plano.
Por hora, a prefeitura quer começar as obras perto da foz do Ponte Grande, no rio Caveiras, na rua Cirilo Vieira Ramos, no bairro  Várzea.



Ali, por conta dos banhados e áreas alagáveis que dão nome ao bairro há poucas casas, o que facilita o início dos trabalhos. Segundo Raineski, a empreiteira pode começar as frentes de trabalho por vários pontos simultaneamente. A parte mais difícil será a região do Guarujá e Dom Daniel, onde há inclusive estabelecimentos comerciais afetados pela obra.



Projeto prevê esgotamento sanitário para 42% da cidade



A região da avenida Camões é o divisor de águas entre a bacia do rio Carahá, no oeste, e a do Ponte Grande. O lado leste terá intervenções em todas as ruas para implantação de um sistema de esgotamento sanitário.



Todo o esgoto da bacia do Ponte Grande será recolhido através desse sistema. O montante reservado para esta obra é de R$ 18 milhões.




Descrédito e incerteza entre os afetados


Quem precisa sair para dar lugar à avenida não sabe como vai ser, nem se isso vai acontecer



Laércio Ribeiro da Luz é cadeirante e há 20 anos é vizinho de seus parentes que o ajudam. São duas décadas enfrentando enchentes, comprando madeiras e telhas para erguer casas na medida em que a família cresce. Na rua Alcides Rebello, os Luz dividem espaço com lixo e animais, e apreciam a liberdade de só precisarem dar satisfação aos parentes. Gostam da segurança do local e da proximidade dos serviços públicos, mas aceitariam uma casa nova.



Laércio diz que a obra será boa para a cidade e até gosta da ideia de morar em uma casa nova. “Só tenho que ficar perto dos meus parentes para me ajudarem”. No entendimento geral dos afetados naquele trecho da rua, a obra não sai. “Falam disso faz muito tempo”.



É o mesmo pensamento de Neiva Salete Barbosa. Ela faz parte da minoria que mora regularmente nas margens do Ponte Grande e uma das 13 que têm comércio. Seu mercado é ponto de referência no bairro São Sebastião e os clientes já estão sumindo. “Eles pensam que a gente quer sair daqui, mas a gente quer ficar, ninguém quer que a gente saia”.



Ela reconhece e exalta a importância da obra, mas tem medo do futuro. Sem o mercado, perde o ganha pão. A ampliação, pretendida para este ano, não acontecerá porque não sabe se ali passará uma avenida ou não. “Até abril a gente sabe se a obra sai ou se não sai nunca mais”, ressalta a comerciante que não acreditou em “conversa de político”. Diz isso apartidariamente, sobre os três últimos prefeitos.



A incerteza domina também no outro lado da avenida. No bairro Ferrovia, João Deides Mota de Jesus mora regularmente ao lado das águas sujas do Ponte Grande. Queria um lugar melhor e espera valorização do seu terreno. Em frente à sua residência, uma casa nova foi feita. Ele conjectura que o proprietário quer se aproveitar futuramente dos preços mais altos no mercado imobiliário do bairro. Aposta, relembra Neiva, que só se concretiza se em abril as obras começarem.



População espera informações



Neiva, Laércio e João não se conhecem e têm o mesmo discurso sobre o que a prefeitura fez por eles. Tiraram fotos, fizeram medições “há muito tempo” e nunca mais voltaram. De oficial, ninguém sabe de nada. “A gente só ouve pela boca dos outros que vamos ter que sair”.



O secretário interino de Planejamento, Jorge Raineski, ressalta que ninguém vai ter a casa demolida sem mais nem menos, e somente os estão cadastrados receberão indenizações e casas. Em suma, ele pede para que a população denuncie invasores, pois novas casas atrasam o processo.



Para onde vão os moradores?



A ideia inicial era um condomínio ao lado da estação ferroviária, em terreno que pertence à União. O secretário Jorge Raineski, porém, acredita que o tempo necessário para o desembaraço burocrático somados ao da construção do loteamento pode ultrapassar os 24 meses previstos para a conclusão da obra. “Estamos autorizados a conceder aluguel social, se for necessário, mas queremos pular essa etapa”.



A fim de se realizar este objetivo, técnicos já trabalham em um novo projeto de loteamento, em uma área anexa à da União. Se ocorrer o desembaraço, os problemas se resolvem, se não os remanejados precisarão de mais paciência para saber onde morarão.
O que é certo é a forma do loteamento.



Ele será horizontal, com residências pagas através do programa federal Minha Casa, Minha Vida. Enquanto isso, a prefeitura negocia indenizações com os afetados pela obra. O valor, porém, não é revelado. Além das 147 famílias que serão realocadas, há 72 construções regulares e outros 77 lotes que estão no local da obra.



Custos

  • Drenagem - R$ 2.115.507,21
  • Obras avenida R$ 33.662.088,49
  • Esgotamento sanitário - R$ 18.048.947,83
  • Outros - R$ 3.308.526,76
  • Total - R$ 57.171.070,29



Imóveis afetados

  • Residências irregulares - 147
  • Residências regulares - 56
  • Comércio - 13
  • Templos religiosos - 3
  • Escolas - 2
  • Lotes baldios - 77
  • Total - 298



10 pontes

  • Rua 31 de março
  • Rua Henrique Xavier Nunes
  • Rua Vandelino Wiggers
  • Rua Nilo Peçanha
  • Rua Senador Salgado Filho
  • Avenida Presidente Vargas
  •  Rua Euclides da Cunha
  • Avenida Marechal Castelo Branco
  • Rua Café Filho
  •   Próximo à rua Cirilo Vieira Ramos



  • Prazo para conclusão 24 meses
  • Limite de velocidade 50 km/h
  • Extensão 6,4 km





Fotos:Thomas Michel

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