Santa Maria, 28/01/2013, Correio Lageano
A joaquinense e moradora de Lages, Patrícia Fukushima de Souza, de 22 anos, está passando uma temporada em Santa Maria (RS). Na companhia de uma turma de amigos, ela se divertia na boate Kiss, localizada no coração da cidade, quando começou o incêndio. Em meio ao tumulto, Patrícia e os amigos conseguiram sair rapidamente do local, ajudando-se uns aos outros a escapar das chamas. Outros 232 jovens, a maioria universitários, não tiveram a mesma sorte e morreu sufocada pela fumaça ou pisoteada por outros que tentavam escapar da morte.
No final da tarde deste domingo (27), havia 117 pessoas em hospitais de Santa Maria e da região central do Rio Grande do Sul. Patrícia Fukushima de Souza está na cidade gaúcha para incrementar o currículo, realizando estágio de 30 dias no laboratório de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria, conforme informou a sua mãe Margarete Fukushima.
Segundo Margarete, foi Patrícia quem lhe informou da tragédia na madrugada de domingo por um telefonema. Ainda impactada pelas imagens de horror que presenciou, Patrícia relatou à mãe o que aconteceu na festa universitária promovida pelos cursos de Veterinária e Agronomia da UFSM. “A Patrícia disse que sentiu o cheiro da fumaça e saiu com os amigos imediatamente. Eles viram que alguma coisa estava errada”, relata.
Mesmo depois do telefonema, Margarete conta que começou a ficar realmente assustada após assistir pela televisão a cobertura do incêndio, quando só então entendeu a gravidade do acontecimento. “Quando a notícia se espalhou, pessoas da família e amigos que sabiam que ela estava em Santa Maria também começaram a telefonar para saber se ela está bem”, relata.
A mãe da estudante, tranquilizando a todos, contou que a jovem não sofreu ferimentos. Ela acredita que depois do incidente, a filha deve voltar para Lages, onde mora.
A estudante contou à mãe que ela e os amigos estavam perto da porta e foram os primeiros a sair da casa noturna. Patrícia têm uma filha de três anos, que vive com a avó. O Correio Lageano ligou para a jovem ontem, mas amigos que atenderam disseram que ela estava bem de saúde, porém abalada.
Atuação de seguranças durante o tumulto será investigada
A presidente Dilma Rousseff esteve no ginásio de esportes de Santa Maria, onde se encontrou com parentes das vítimas. Ela estava acompanhada do ministro da Educação, Aloizio Mercadante; da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS).
Dos mortos no incêndio que atingiu a boate Kiss na madrugada deste domingo, eram 120 homens e 112 mulheres.
Embora não tenham mais corpos no interior da boate queimada, a quantidade de vítimas pode aumentar devido à evolução dos atendimentos médicos nos hospitais regionais.
Um dos pontos a serem investigados será a atuação dos seguranças da boate. A jovem Luciane Louzeiro declarou que, ao perceberem o tumulto, os seguranças impediram que as pessoas saíssem do local, pois imaginaram que se tratava de briga e que os jovens queriam sair sem pagar o valor na comanda. Já a estudante Bruna Capone, que também estava lá, declarou que saiu da boate sem ser impedida por seguranças.
Santa Catarina envia helicóptero para auxiliar no transporte
O Governo de Santa Catarina enviou um helicóptero para auxiliar na remoção e transporte das vítimas que sobreviveram à tragédia ocorrida na madrugada de domingo em Santa Maria.
A aeronave do convênio é equipada para remoção de pacientes graves. Conforme solicitação do Comitê de Crise da Prefeitura de Santa Maria, o helicóptero foi sem equipe médica porque havia profissionais capacitados na região.
O governador Raimundo Colombo ligou para seu colega gaúcho, Tarso Genro, na manhã de ontem, para prestar solidariedade. Ele colocou a estrutura do Estado à disposição da comunidade que sempre auxiliou Santa Catarina nos momentos de tragédia aqui, especialmente enchentes.
“É o tipo de tragédia que ninguém imagina que possa acontecer. Nossa preocupação agora é atender as famílias, e depois vemos outras coisas [apuração sobre as causas e responsáveis pelo acidente]”, disse o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT/RS), integrante da comitiva da presidente Dilma.
Joaquinense desistiu de ir à festa por causa de plantão
Débora Pereira Nunes, natural de São Joaquim, mora em Santa Maria, onde estuda Veterinária da UFSM. Um plantão de estágio pode ter salvado a vida desta catarinense.
Ela relata com sofrimento a tragédia na boate Kiss, lembrando que perdeu muitos colegas. “Não é fácil tu veres teus amigos te chamarem pra balada, eles irem e não voltarem”, comentou ontem.
Débora explica que havia se programado para ir à festa, mas desistiu por estar de plantão no estágio, onde trabalha no setor de equinos do Hospital Veterinário Universitário.
Ela diz que está muito abalada e aguarda notícias, já que as vítimas estão espalhadas pelos hospitais da região, algumas sem identificação até a noite de ontem. Os familiares buscam por informações nesses locais. “Estou esperando reconhecerem os corpos dos meus outros amigos desaparecidos”, relata.
Débora conta que ficou sabendo da tragédia por meio de amigos e de parentes que ligaram perguntando se ela estava bem. Ela explica que conhecidos que estavam na boate relatam que, assim que perceberam a fumaça, procuraram sair imediatamente do local. “Disseram que foi muito rápido, que uma fumaça preta se espalhou no local”, conta.
A estudante reuniu os amigos em sua casa e todos aguardam notícias. Ela descreve a cidade como vivendo um ambiente caótico, com sirenes tocando a todo momento e que a tristeza é visível no rosto de todos. Além disso, todos os postos de saúde pedem por doações de sangue. “É uma solidariedade de todos e uma busca de notícias de quem a gente procura”, completa.
Outros acidentes em boates
Dia 30 de dezembro de 2004: Incêndio mata 194 pessoas e deixa cerca de 1.400 feridos na discoteca República Cromañón, em Buenos Aires, na Argentina. O incêndio começou com o uso de fogos de artifício pela banda de rock que se apresentava no local - lotado. A tragédia levou à derrocada do prefeito de Buenos Aires, Aníbal Ibarra, após um julgamento político, em 2005.
Dezembro de 2002: Na Venezuela, um incêndio mata cerca de 50 pessoas no clube La Goajira, na capital, Caracas. A boate estava lotada no momento do incêndio.
Julho de 2002: Incêndio mata 28 pessoas na discoteca Utopía, do centro comercial Jockey Plaza, em Lima.
No México, mais de 20 pessoas morreram em outubro de 2000 na discoteca Lobohombo - que não tinha saídas suficientes.
Dia 20 de dezembro de 1993: Incêndio na discoteca Kheyvis, localizada no bairro de Olivos, em Buenos Aires, mata 17 jovens.
Em Quito, no Equador, 13 pessoas morreram em abril de 2008 na discoteca Factory.
Em novembro de 2001, fogos de artifício disparados durante um show de samba provocaram um incêndio que matou 6 pessoas na sala Caneco Mineiro, na cidade de Belo Horizonte - que não tinha saídas de emergência adequadas. Centenas de pessoas ficaram feridas.
No dia 31 de outubro de 2012, três jovens morreram e outras duas ficaram feridas gravemente numa festa de Halloween em Madri, Espanha. As vítimas tinham entre 18 e 25 anos. O incidente ocorreu no ginásio Madri Arena, no oeste da capital espanhola.
Em fevereiro de 2003, cem pessoas morreram em um incêndio em uma boate de Rhode Island, nos EUA, também causado por fogos de artifício.
Na China, mais de 300 pessoas morreram em uma sala de Luoyang, em 2000. Na cidade de Fuxin, um incêndio matou mais de 200 em 1994.
Em 2008, um incêndio matou 43 e feriu 88 em uma discoteca na cidade de Shenzhen, no Sul da China.
Fotos: Deivid Dutra, A Razã, Facebook, Roberto Stuckert/ Agência Brasil e Divulgação
A joaquinense e moradora de Lages, Patrícia Fukushima de Souza, de 22 anos, está passando uma temporada em Santa Maria (RS). Na companhia de uma turma de amigos, ela se divertia na boate Kiss, localizada no coração da cidade, quando começou o incêndio. Em meio ao tumulto, Patrícia e os amigos conseguiram sair rapidamente do local, ajudando-se uns aos outros a escapar das chamas. Outros 232 jovens, a maioria universitários, não tiveram a mesma sorte e morreu sufocada pela fumaça ou pisoteada por outros que tentavam escapar da morte.
No final da tarde deste domingo (27), havia 117 pessoas em hospitais de Santa Maria e da região central do Rio Grande do Sul. Patrícia Fukushima de Souza está na cidade gaúcha para incrementar o currículo, realizando estágio de 30 dias no laboratório de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria, conforme informou a sua mãe Margarete Fukushima.
Segundo Margarete, foi Patrícia quem lhe informou da tragédia na madrugada de domingo por um telefonema. Ainda impactada pelas imagens de horror que presenciou, Patrícia relatou à mãe o que aconteceu na festa universitária promovida pelos cursos de Veterinária e Agronomia da UFSM. “A Patrícia disse que sentiu o cheiro da fumaça e saiu com os amigos imediatamente. Eles viram que alguma coisa estava errada”, relata.
Mesmo depois do telefonema, Margarete conta que começou a ficar realmente assustada após assistir pela televisão a cobertura do incêndio, quando só então entendeu a gravidade do acontecimento. “Quando a notícia se espalhou, pessoas da família e amigos que sabiam que ela estava em Santa Maria também começaram a telefonar para saber se ela está bem”, relata.
A mãe da estudante, tranquilizando a todos, contou que a jovem não sofreu ferimentos. Ela acredita que depois do incidente, a filha deve voltar para Lages, onde mora.
A estudante contou à mãe que ela e os amigos estavam perto da porta e foram os primeiros a sair da casa noturna. Patrícia têm uma filha de três anos, que vive com a avó. O Correio Lageano ligou para a jovem ontem, mas amigos que atenderam disseram que ela estava bem de saúde, porém abalada.
Atuação de seguranças durante o tumulto será investigada
A presidente Dilma Rousseff esteve no ginásio de esportes de Santa Maria, onde se encontrou com parentes das vítimas. Ela estava acompanhada do ministro da Educação, Aloizio Mercadante; da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS).
Dos mortos no incêndio que atingiu a boate Kiss na madrugada deste domingo, eram 120 homens e 112 mulheres.
Embora não tenham mais corpos no interior da boate queimada, a quantidade de vítimas pode aumentar devido à evolução dos atendimentos médicos nos hospitais regionais.
Um dos pontos a serem investigados será a atuação dos seguranças da boate. A jovem Luciane Louzeiro declarou que, ao perceberem o tumulto, os seguranças impediram que as pessoas saíssem do local, pois imaginaram que se tratava de briga e que os jovens queriam sair sem pagar o valor na comanda. Já a estudante Bruna Capone, que também estava lá, declarou que saiu da boate sem ser impedida por seguranças.
Santa Catarina envia helicóptero para auxiliar no transporte
O Governo de Santa Catarina enviou um helicóptero para auxiliar na remoção e transporte das vítimas que sobreviveram à tragédia ocorrida na madrugada de domingo em Santa Maria.
A aeronave do convênio é equipada para remoção de pacientes graves. Conforme solicitação do Comitê de Crise da Prefeitura de Santa Maria, o helicóptero foi sem equipe médica porque havia profissionais capacitados na região.
O governador Raimundo Colombo ligou para seu colega gaúcho, Tarso Genro, na manhã de ontem, para prestar solidariedade. Ele colocou a estrutura do Estado à disposição da comunidade que sempre auxiliou Santa Catarina nos momentos de tragédia aqui, especialmente enchentes.
“É o tipo de tragédia que ninguém imagina que possa acontecer. Nossa preocupação agora é atender as famílias, e depois vemos outras coisas [apuração sobre as causas e responsáveis pelo acidente]”, disse o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT/RS), integrante da comitiva da presidente Dilma.
Joaquinense desistiu de ir à festa por causa de plantão
Débora Pereira Nunes, natural de São Joaquim, mora em Santa Maria, onde estuda Veterinária da UFSM. Um plantão de estágio pode ter salvado a vida desta catarinense.
Ela relata com sofrimento a tragédia na boate Kiss, lembrando que perdeu muitos colegas. “Não é fácil tu veres teus amigos te chamarem pra balada, eles irem e não voltarem”, comentou ontem.
Débora explica que havia se programado para ir à festa, mas desistiu por estar de plantão no estágio, onde trabalha no setor de equinos do Hospital Veterinário Universitário.
Ela diz que está muito abalada e aguarda notícias, já que as vítimas estão espalhadas pelos hospitais da região, algumas sem identificação até a noite de ontem. Os familiares buscam por informações nesses locais. “Estou esperando reconhecerem os corpos dos meus outros amigos desaparecidos”, relata.
Débora conta que ficou sabendo da tragédia por meio de amigos e de parentes que ligaram perguntando se ela estava bem. Ela explica que conhecidos que estavam na boate relatam que, assim que perceberam a fumaça, procuraram sair imediatamente do local. “Disseram que foi muito rápido, que uma fumaça preta se espalhou no local”, conta.
A estudante reuniu os amigos em sua casa e todos aguardam notícias. Ela descreve a cidade como vivendo um ambiente caótico, com sirenes tocando a todo momento e que a tristeza é visível no rosto de todos. Além disso, todos os postos de saúde pedem por doações de sangue. “É uma solidariedade de todos e uma busca de notícias de quem a gente procura”, completa.
Outros acidentes em boates
Dia 30 de dezembro de 2004: Incêndio mata 194 pessoas e deixa cerca de 1.400 feridos na discoteca República Cromañón, em Buenos Aires, na Argentina. O incêndio começou com o uso de fogos de artifício pela banda de rock que se apresentava no local - lotado. A tragédia levou à derrocada do prefeito de Buenos Aires, Aníbal Ibarra, após um julgamento político, em 2005.
Dezembro de 2002: Na Venezuela, um incêndio mata cerca de 50 pessoas no clube La Goajira, na capital, Caracas. A boate estava lotada no momento do incêndio.
Julho de 2002: Incêndio mata 28 pessoas na discoteca Utopía, do centro comercial Jockey Plaza, em Lima.
No México, mais de 20 pessoas morreram em outubro de 2000 na discoteca Lobohombo - que não tinha saídas suficientes.
Dia 20 de dezembro de 1993: Incêndio na discoteca Kheyvis, localizada no bairro de Olivos, em Buenos Aires, mata 17 jovens.
Em Quito, no Equador, 13 pessoas morreram em abril de 2008 na discoteca Factory.
Em novembro de 2001, fogos de artifício disparados durante um show de samba provocaram um incêndio que matou 6 pessoas na sala Caneco Mineiro, na cidade de Belo Horizonte - que não tinha saídas de emergência adequadas. Centenas de pessoas ficaram feridas.
No dia 31 de outubro de 2012, três jovens morreram e outras duas ficaram feridas gravemente numa festa de Halloween em Madri, Espanha. As vítimas tinham entre 18 e 25 anos. O incidente ocorreu no ginásio Madri Arena, no oeste da capital espanhola.
Em fevereiro de 2003, cem pessoas morreram em um incêndio em uma boate de Rhode Island, nos EUA, também causado por fogos de artifício.
Na China, mais de 300 pessoas morreram em uma sala de Luoyang, em 2000. Na cidade de Fuxin, um incêndio matou mais de 200 em 1994.
Em 2008, um incêndio matou 43 e feriu 88 em uma discoteca na cidade de Shenzhen, no Sul da China.
Fotos: Deivid Dutra, A Razã, Facebook, Roberto Stuckert/ Agência Brasil e Divulgação
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